A luta operária e popular derrubou mais um governo e colocando, de fato, o problema do poder. Novamente, as principais direções tentam fazer com que essa luta não avance e não se unifique. Evo Morales chama mobilizações pela Constituinte. Tenta utilizar essa proposta como forma de canalizar e desmontar a luta, para depois concorrer à presidência do país por vias “legais”. Ao mesmo tempo, nega-se a levantar a reivindicação de nacionalização dos hidrocarbonetos, apesar de reconhecer publicamente que sua base está a favor.

Jaime Solares e a COB foram obrigados a aceitar a exigência de nacionalização como centro de suas mobilizações, por pressão dos trabalhadores. Mas, ao mesmo tempo, Solares chamou o Exército a dar um golpe militar do tipo chavista, como única saída para o país. Sua proposta recebeu numerosos repúdios dentro da própria COB.

Nem “via legal” nem “via militar”
Ambos os dirigentes têm projetos diferentes. Chegaram inclusive às vias de fato, mas ambos utilizam esse enfrentamento para dividir e enfraquecer as mobilizações. Pela “via legal” ou pela “via militar”, ambos coincidem em sua intenção de liquidar a luta independente dos trabalhadores e das massas, amarrando-a a uma ou outra saída burguesa.

A burguesia boliviana e o imperialismo vão apontar, com a ajuda das direções, provavelmente para antecipação das eleições, como forma de desmobilizar a luta das massas e dar um marco institucional à discussão com a burguesia de Santa Cruz. Por sua vez, as massas mobilizadas continuam lutando para impor sua própria saída de classe.

A possibilidade de avançar nesse caminho – impor um governo operário e camponês e uma revolução operária e socialista que libere o país da dominação imperialista – está profundamente associada à tarefa de construir uma direção revolucionária que esteja disposta a ir fundo nessa luta. Para isso, é preciso exigir que as direções rompam com a burguesia e os militares “patriotas”, assumam a nacionalização do gás e tomem o poder. Uma tarefa que pode se apoiar na organização operária e popular, como a que existe em El Alto, e nos setores de base da COB que pressionam Solares para lutar pela nacionalização dos hidrocarbonetos.

É preciso aproveitar todas as possibilidades e impulsionar a luta unificada dos trabalhadores contra o governo e o Parlamento, pela nacionalização sem indenização dos hidrocarbonetos, contra qualquer tentativa de dividir o país e contra qualquer variante golpista, mesmo que se disfarce de “progressiva”.

Para essa tarefa – a construção de uma direção revolucionária –, está direcionado todo o esforço da LIT-QI (Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional) e de sua seção boliviana, o MST (Movimento Socialista dos Trabalhadores).

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