Para encontrar uma resposta às acusações de corrupção na campanha eleitoral, Lula lançou a proposta de convocar uma Assembléia Constituinte para votar exclusivamente uma reforma política. Retomando a idéia de que a corrupção tem origem no sistema eleitoral, Lula propôs a convocação de uma Assembléia específica para votar a reforma, para impedir que os atuais parlamentares legislem em causa própria.
Desviar o foco
Fica evidente que o principal objetivo da manobra de Lula é desviar o foco das denúncias de corrupção. As provas do roubo atingem grande parte do Congresso Nacional e ameaçam Humberto Costa, ex-ministro da Saúde e atual candidato ao governo de Pernambuco pelo PT. Lula tenta ainda desvencilhar sua imagem do Congresso, colocando-se como defensor da moralidade.
No entanto, as eleições para uma constituinte como esta seriam feitas com os mesmos vícios de sempre. Lula argumenta que uma pessoa poderia candidatar-se por fora dos partidos atuais. Sim, mas as grandes empresas e as redes de TV continuariam a financiar seus candidatos e partidos. O dinheiro continuaria a distorcer as eleições e a comprar votos. O resultado é que os mesmos partidos e candidatos de sempre ganhariam as eleições.
Qual reforma política seria votada? O tão falado financiamento público das eleições, por exemplo, não resolve absolutamente nada. Não evita que as grandes empresas sigam dando muito dinheiro para seus candidatos e partidos. Só garante mais dinheiro público para os grandes partidos, além do que eles já roubam.
Que tipo de reforma evitaria a corrupção, sem acabar com o poder das grandes empresas e com a democracia dos ricos? Nenhuma. A proposta de Lula só serve como desculpa eleitoral para a corrupção. Será provavelmente deixada de lado assim que acabar as eleições.
Mais ainda, tal constituinte pode acabar servindo para acelerar a aprovação das reformas neoliberais exigidas pelo FMI. Não por acaso, a medida foi aplaudida pela revista Veja, que propôs, a fim de torná-la ideal, que a Constituinte também legislasse sobre as reformas da Previdência e trabalhista.
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