Quando falamos que o Brasil está prestes a voltar a ser uma colônia dos EUA, muitos respondem que isso não é verdade, por vivermos em uma democracia.

A princípio, a objeção parece correta. Nos tempos coloniais, o Brasil era governado pelos vice-reis, indicados pela monarquia portuguesa. Hoje, a cada quatro anos, se elege um presidente.

Mas as diferenças são na forma em que se dá a subordinação do país ao imperialismo, e não em seu conteúdo real. O que define a soberania de um país não é a forma como se indica seus governantes, mas se ele é realmente independente de outros países.

É verdade que o país elege o presidente. Mas, por exemplo, antes das últimas eleições, todos os candidatos com reais chances de chegar ao governo assinaram um acordo, respaldando tudo o que foi acertado por FHC e pelo FMI. Aquele acordo definia o programa de governo que seria implementado no país, ganhasse quem ganhasse as eleições. Onde está a soberania, então?

Além disso, as empresas multinacionais têm um enorme controle da economia e podem influenciar os partidos e os meios de comunicação, pelos próprios mecanismos da democracia burguesa.

Os acordos com o FMI deformam completamente a democracia. Com a Alca, haveria um retrocesso: o país passaria a ser uma colônia, e a democracia burguesa seria também uma democracia colonial.

Não seria a primeira vez que uma situação colonial conviveria com formas democráticas. Na passagem do século XIX para o XX, o imperialismo inglês manteve a dominação da Índia dando a esse país o direito de eleger parlamentos e de ter suas forças armadas. Hoje, os EUA buscam disfarçar governos fantoches em Kosovo ou no Afeganistão com eleições, como as que vão ocorrer agora nesse último país.
Post author Eduardo Almeida, da redação
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