Infelizmente a maior parte da esquerda socialista latino-americana que defende o socialismo chavista esqueceu muitas das lições do marxismo. Uma delas é a de que o socialismo significa o fim da classe dos proprietários dos meios de produção.
Na Venezuela, não só as multinacionais do petróleo seguem mandando na economia, como está surgindo uma nova e emergente classe dominante: a burguesia bolivariana, ou “boli” burguesia.

Esse setor surge a partir de ações parasitas e da corrupção do Estado, agindo como intermediários dos seus negócios com empresas privadas e multinacionais. Um de seus expoentes é Diosdado Cabello, governador de Miranda e coordenador de um grupo político chavista. Em poucos anos, Cabello tornou-se dono de várias empresas. “Ele adquiriu, através de testa-de-ferro, a enlatadora de Eveba (…), as empresas industriais que pertenceram aos grupos Sosa Rodríguez e Montana (…), várias empresas de seguro. No momento, o grupo de Cabello é o mais forte da Venezuela depois do Grupo Polar”, declarou numa entrevista o historiador venezuelano Domingo Alberto Rangel.

A “boli” burguesia procura hoje se “conciliar” com a velha burguesia do país, desenvolvendo negócios em comum. Seu surgimento é um processo muito semelhante ao que ocorreu com os sandinistas que, a partir do aparato do Estado, assumiram empresas e patrimônios expropriados de Somoza, ex-ditador da Nicarágua, e desenvolveram uma nova burguesia nacional.

Não existe na história nenhum exemplo de uma burguesia que se suicide social e politicamente, levando ao socialismo. A forte burguesia bolivariana é a prova mais cabal de que o projeto de Chávez não tem nada a ver com o socialismo.

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