Vivemos tempos difíceis. A barbárie capitalista nos bate às portas. E, mesmo que nos tranquemos em casa, a torrente interminável de escândalos nos fazem lembrar que a diferença entre PCC, CPI e ACM é tão somente uma questão de siglas. De Valeriodutos às contas de Duda Mendonça em paraísos fiscais, passando pelo já quase esquecido mensalão e chegando aos chamados “sanguessugas”, as cifras extorquidas dos cofres públicos não cabem nas calculadoras da classe média que analisa as compras do mês.

Tempos dificílimos, diria José Dias, o personagem machadiano de Dom Casmurro, célebre pela afeição aos superlativos. Nas últimas semanas, no entanto, um número tem sido estranhamente recorrente. Mais modesto, na casa das centenas, é uma coincidência nada inocente entre os recentes acontecimentos.

Vamos lá, não se perca nas contas. Até o dia 18 de maio, o número registrado de ataques supostamente comandados pelo PCC em São Paulo era de 281. O planejamento dos atentados pelo líder da facção, Marcola, teria sido possível através de informações confidenciais da CPI do Tráfico de Armas compradas pela organização criminosa por R$ 200.

Concomitante aos ataques na capital paulista, mais acima do mapa, em Brasília, a delinqüência também grassa, mas de terno e mont blanc na mão. A ex-funcionária do Ministério da Saúde, Maria da Penha, afirmou que o número de deputados envolvidos nos esquemas de desvio de dinheiro do setor, através das famosas emendas parlamentares, chega a 281, mesmo número, vejam, que os atentados do PCC.

Ato contínuo, um grupo de deputados passou a recolher assinaturas para abrir mais uma CPI, conseguindo a adesão de 229 congressistas. Sabemos muito bem aonde vai dar isso. Talvez, só quem saiba mais é o deputado petista Professor Luizinho, que ganhou R$ 20 mil de Marcos Valério e foi absolvido com os votos de 253 colegas. Lembrando que são necessários 257 votos para a cassação. Com tanta pizza, os petistas bem que poderiam adotar a “dieta Garotinho”. O rechonchudo ex-governador parou de comer para que todos se esquecessem dos R$ 243 milhões desviados do estado para “ONG´s” que apoiavam sua pré-candidatura ao Planalto.

E, falando em Planalto, Lula parece não se preocupar muito com a miséria, raiz da violência. Tanto que acabou de cortar R$ 272 milhões do Ministério do Desenvolvimento Social, responsável pelo Bolsa Família. No entanto, a medida parece não ter surtido muito efeito nos investidores internacionais, preocupados com a cada vez maior instabilidade da economia norte-americana. O risco-país voltou a crescer, atingindo 260 pontos.

Taí, mais de 200 motivos para você dizer um alto e sonoro “não” ao PT e seus colegas do PSDB e PFL. Lembre-se disso daqui a uns 200 dias, quando esses partidos vierem com suas costumeiras caras limpas pedirem seu voto.