Amplos setores da esquerda latino-americana consideram Chávez, diante do servilismo de Lula, um “grande combatente contra o imperialismo ianque”. Na verdade, Chávez aplica em seu país todo o conjunto do receituário neoliberal, pagando religiosamente a dívida externa, beneficiando as petroleiras multinacionais e oferecendo algumas migalhas de política social compensatória.

O presidente venezuelano sofre ataques do imperialismo porque mantém algumas posições independentes na política externa, como, por exemplo, a oposição à ocupação dos EUA no Iraque. Algo que é intolerável para Bush. Depois de ter visto frustradas as tentativas golpistas contra Chávez, Bush hoje utiliza Lula para tentar buscar um acordo com o venezuelano e assim tentar enquadrar a sua política externa.

O diplomata espanhol Carlos Westendorp declarou, de maneira quase cândida, em uma reportagem ao jornal El País: “Vamos tentar lulalizar Chávez, se for possível”. Quer dizer, domesticá-lo e conduzi-lo a políticas externas mais “comportadas”, como as de Lula. A política de mediação de Lula para a Venezuela constitui-se em um dos mais importantes instrumentos da ação recolonizadora do imperialismo norte-americano para a região.

Para compreender melhor a declaração do diplomata, vamos relembrar alguns fatos: logo após a tentativa de golpe, articulada pelo imperialismo em 2002, contra Hugo Chávez, Lula resignou-se em um silêncio vergonhoso e não saiu em defesa do venezuelano. Depois não ajudou a combater a tentativa de lockout (greve desencadeada pela direita golpista venezuelana, apoiada pelos EUA, para tentar derrubar Chávez) e ainda formou um grupo dos “Amigos da Venezuela” (amigos da onça, diga-se de passagem) com Bush, Aznar e Vicente Fox, presidente mexicano marionete do imperialismo, para “mediar” a crise.

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