A Esplanada dos Ministérios, em Brasília, parou no último dia 16. A manifestação convocada pela Conlutas reuniu, segundo a imprensa, cerca de 20 mil pessoas e foi o segundo maior ato contra o governo Lula. O primeiro ocorreu no ano passado, organizado pelo funcionalismo, em greve, contra a reforma da Previdência. O do dia 16, ao contrário do primeiro, não foi a expressão de uma categoria em mobilização, mas uma manifestação diretamente política contra o governo.

Mais ainda, foi construída apesar do boicote ativo das direções da CUT, da Força Sindical, da UNE, da esquerda da CUT e do PSOL. Todos tiveram a postura de atacar o ato, de boicotá-lo de todas as formas. Mas não conseguiram.

A manifestação em Brasília revelou a força do movimento de massas, que não se dobra a um governo traidor, às centrais chapas brancas e aos setores de “esquerda” que atuam como quintas-colunas da CUT e da UNE.

A manifestação revelou a criatividade dos ativistas que coloriram, dançaram e brincaram nas ruas da capital federal. Desde a expressão da cultura nordestina, com os bonecos gigantes de Olinda e o arraial da Conlutas, até a alegria circense das pernas de pau e do cuspidor de fogo queimando a bandeira dos EUA.

Em Brasília, a Conlutas fez o seu primeiro grande ato público. Sindicatos de todo o país estavam presentes, lutando contra as reformas Sindical e Trabalhista; os trabalhadores em greve do Unafisco, os sem-terra reivindicando a reforma agrária, os representantes de diversas ocupações do movimento popular, os estudantes contra a reforma Universitária. Uma grande parte dos que lutam estavam representados no dia 16.

A expressão na face de cada um, ao final do ato, representava bem mais do que a sensação do dever cumprido. Existia, em cada sorriso, em cada abraço, a emoção de ter vivido o nascimento de uma nova direção para o movimento de massas.

Um dos bonecos gigantes de Olinda trazia uma faixa que dizia: “A CUT e a Força
Sindical não falam em nosso nome”. Ao final, um novo sentimento: já existe alguém que fala em nome dos que lutam: a Conlutas.

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