O 1º Congresso da Conlutas será muito mais polêmico do que o Conat, refletindo o crescimento e a consolidação da Conlutas. Vinte teses foram inscritas. Além disso, no Congresso serão apresentadas e votadas inúmeras resoluções, que a depender do tema abordado, aglutinarão várias teses num mesmo bloco. Aqui queremos pontuar algumas das polêmicas mais importantes que estarão em debate. No decorrer dos próximos meses buscaremos abordar em profundidade cada uma delas no Opinião Socialista.

O primeiro debate importante será sobre a situação internacional e a América Latina, especialmente sobre a natureza e papel do governo Chávez no continente. A nossa tese e muitas outras apontam que o governo Chávez, apesar da retórica anti-imperialista, governa para a burguesia e o imperialismo e tem desferido cada vez mais ataques contra os trabalhadores e o povo, reprimido suas lutas e greves e tentado controlar todas as organizações da classe, buscando impedir qualquer organização autônoma e independente do governo e do Estado. Um outro bloco de teses, que tem como um dos principais expoentes os companheiros do MES-MTL, enxerga no governo Chávez um governo progressivo, em disputa, com o qual deveríamos nos aliar.

Outro debate importante deve acontecer sobre o tema eleições. De um lado, alguns setores defenderão que a Conlutas não debata, nem se posicione. De outro, entre aqueles que defendem que devemos debater e nos posicionar, onde nos incluímos, há um debate sobre a independência de classe. Nós defendemos candidaturas classistas e nos posicionamos nesta conjuntura por uma Frente de Esquerda, formada por partidos operários e em oposição ao governo Lula e à oposição de direita. Já os companheiros do MES-MTL defendem uma “Frente social ampla e permanente de massas”, que não tem limites classistas, pelo contrário, busca alianças com setores burgueses.

Um terceiro grande debate deve dar-se em torno da estrutura da Conlutas. Há setores que questionam seu caráter de central operária, sindical, popular, estudantil e defendem que ela seja apenas uma central sindical. Por outro lado, há também entre os que defendem seu caráter sindical, popular, estudantil uma diferença sobre o papel e a importância da centralidade da classe operária no seu interior. Nós defendemos o caráter de central operária, sindical, popular, estudantil e, ao mesmo tempo, pensamos ser fundamental dar uma hierarquia importante à classe operária.

Um quarto debate será sobre como aperfeiçoar as instâncias de direção da Conlutas. E um último e também fundamental tratará sobre se é correta ou não a legalização da Conlutas. Essas polêmicas, sendo as principais, não serão as únicas. Todo debate sobre a questão da luta contra a burocratização dos sindicatos, que, no fundo envolve concepção, princípios e estratégia, podem ser polêmicas, bem como vários outros pontos, sobre os quais seminários ou encontros preparatórios ao congresso apresentarão resoluções.

Post author Mariúcha Fontana , da Direção Nacional do PSTU
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