Redação

Em 20 de agosto de 1940, o revolucionário russo era assassinado por agente do stalinismo.

No momento em que, no Brasil, a classe trabalhadora e a juventude retomam a ofensiva política, o Opinião Socialista abre mais uma vez uma de suas páginas para homenagear Leon Trotsky.
Trotsky teve papel destacado na Revolução Russa de 1917, sendo o Presidente do Soviet (Conselho) de Petrogrado, um dos principais organismos de poder revolucionário.
Ele ocupou papel fundamental, também, à frente do Estado Operário, principalmente quando assumiu a tarefa de construção do Exército Vermelho, ferramenta decisiva para vitória da nascente República dos Conselhos Operários na guerra civil.
Por trás do falso argumento da consolidação do Estado Russo, em detrimento da expansão da Revolução para outras partes do mundo, Stálin assumiu o controle do poder e impôs uma dinâmica de afastamento completo do projeto original da Revolução Russa. Para destruir as bases da Revolução Soviética, Stálin teve que expurgar, e até assassinar, a esmagadora maioria dos líderes bolcheviques.
Trotsky se opôs veementemente a essa contra-revolução stalinista e foi expulso do Partido Bolchevique e da União Soviética. Assim, o revolucionário iniciou um longo exílio por vários países, sempre defendendo as ideias da revolução socialista e proletária.
A tarefa mais importante
Com burocratização da URSS, Trotsky se dedicou ainda mais à elaboração teórica marxista, à orientação política e programática aos militantes que atuavam nos processos revolucionários da época e à defesa de sua moral revolucionária contra as calúnias e difamações do stalinismo.
Em 1938, Trotsky realizou o que ele mesmo considerou o trabalho mais importante de sua vida: a construção da IV Internacional. Trotsky soube enxergar a importância de dar uma continuidade às ideias bolcheviques, frente à degeneração burocrática da III Internacional e dos partidos comunistas, todos controlados por Stalin.
Em 1940, no dia 20 de agosto, quando Trotsky estava exilado no México, um agente da GPU (polícia política russa), assassina o revolucionário russo de forma covarde, aplicando um golpe fatal pelas costas. Hoje, está comprovado que este terrível assassinato ocorreu a mando de Stalin, com objetivo de calar a voz de Trotsky e banir as suas ideias do movimento operário internacional.
A atualidade das idéias de Trotsky
O stalinismo não conseguiu banir o legado de Trotsky e os processos revolucionários atuais servem como confirmação histórica da validade das suas ideias fundamentais.
A crise econômica internacional demonstra o fracasso completo do capitalismo como um sistema que possa garantir o progresso do conjunto da humanidade.
As revoluções no Norte da África e Oriente Médio, as lutas dos trabalhadores europeus e a retomada das mobilizações populares e dos trabalhadores no Brasil, vêm demonstrar o caráter internacional das lutas contra o capitalismo. Também reafirmam a urgência de uma saída socialista que acabe com a toda exploração e opressão.
A persistência de governos de conciliação de classe em vários países, formados por partidos de origem operária aliados a partidos burgueses, como os governos do PT, também coloca, mais válida do que nunca, a luta de Trotsky pela independência política da classe trabalhadora.
Em contraposição à colaboração de classes, ele sempre defendeu a aliança de todos os explorados e oprimidos. A classe operária é a única classe social que por sua localização na produção capitalista, poderá cumprir a tarefa histórica de liderar a maioria do povo na luta para acabar com o capitalismo.
A libertação da classe trabalhadora será obra dos próprios trabalhadores. Portanto, é extremamente atual o combate realizado por Trotsky para construir os organismos independentes da classe, que unifiquem, no curso das mobilizações, os trabalhadores e a maioria do povo.
Assim, como os bolcheviques defenderam o papel dirigente dos Soviets na Revolução Russa, defendemos que deverão ser os organismos independentes da classe trabalhadora os responsáveis por definir, de forma democrática, os caminhos da luta contra o capitalismo e pela construção do socialismo.
À defesa da Revolução Socialista, do internacionalismo operário, da independência de classe, do papel protagonista da classe operária e da construção de organismos de poder dos próprios trabalhadores, se soma a luta de Trotsky pela construção de partidos socialistas e revolucionários.
Infelizmente, uma parte daqueles que tem a sua origem nas ideias de Trotsky, como algumas correntes internas do PSOL, abandonou a tarefa inadiável da construção direta de partidos revolucionários para integrarem a novos partidos reformistas, chamados por eles de “anticapitalistas”. Tratam-se, na verdade, de partidos que priorizam a atuação parlamentar, aceitando os limites impostos pela democracia dos ricos, e abandonando a estratégia do socialismo.
Nesse sentido, a principal homenagem que os militantes do PSTU e da LIT-QI (Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Intencional) podem prestar ao legado teórico de Trotsky é fazer um chamado a todos que estão nas lutas para que se dediquem à construção de verdadeiros partidos socialistas e revolucionários.
Partidos que combinem as reivindicações e lutas mais imediatas com o combate mais geral: o fim do capitalismo e a construção de uma sociedade
socialista.

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