No dia 5 de maio os trabalhadores da USP decidiram, em assembleia, deflagrar greve por tempo indeterminado. Eles reivindicam, entre outros pontos, reajuste salarial e o fim das perseguições políticas contra os ativistas, expresso na exigência da reintegração do servidor e diretor do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP) Claudionor Brandão, além do fim dos processos contra outros diretores sindicais.

Quando fechávamos essa edição, a greve já tinha adesão de 65% da categoria na capital, que conta com mais de 12 mil servidores, e já se expandia para outros campus. Cerca de 1.600 funcionários do campus de Ribeirão Preto e os servidores da USP Zona Leste, parte do quadro de funcionários da Escola de Enfermagem e do Centro de Saúde Escola Butantã (CSEB) também cruzaram os braços. Outras unidades como Piracicaba, Bauru e São Carlos também podem parar essa semana.

“Nossa greve começou muito forte, está se expandindo e unidades historicamente difíceis de paralisar podem parar”, avalia Aníbal Ribeiro, diretor do Sintusp. Além do fim à repressão, os trabalhadores reivindicam reposição salarial de 6,1%, referente à inflação de maio de 2008 a abril de 2009, além de reposição de 10%, a fim de recuperar parte das perdas históricas.

As reivindicações fazem parte da pauta unificada do Fórum das Seis (composto por entidades representativas de estudantes, funcionários e professores da USP). O Cruesp (as reitorias das universidades estaduais) deveria ter iniciado as negociações em abril, já que a data-base dos servidores e dos docentes é no dia 1º de maio. A próxima rodada de negociação, porém, só está marcada para ocorrer apenas no próximo dia 18.

O Fórum das Seis protocolou pedido para que a reunião seja antecipada para o dia 12, mas ainda não obteve resposta. Professores, funcionários e estudantes da USP, Unesp e Unicamp realizarão um ato público no dia da negociação, no campus da USP.

Empregos ameaçados e repressão
Um dos principais pontos da greve é o fim à repressão. “A demissão política de Brandão é apenas a ponta do iceberg, reverter essa é decisão é impedir que ocorram novos ataques”, afirma Aníbal. Processos claramente forjados e uma multa contra o Sintusp, por ter participado da ocupação da reitoria em 2007, compõem essa política repressiva.

Além disso, o Tribunal de Contas questiona atualmente a contratação de um terço dos trabalhadores da USP. Segundo o tribunal, as vagas criadas após 1988 teriam que ter passado pela Assembleia Legislativa. Desta forma, pedem a “nulidade” das contratações realizadas após esse período. Funcionários com vinte anos de trabalho podem ter seus empregos simplesmente “anulados”.

Outras reivindicações, como assistência estudantil, contratação de professores e mais verbas à educação também fazem parte da pauta unificada. O Fórum das Seis aprovou indicativo de paralisação nas unidades, além do ato público no dia da negociação.

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