A Chechênia fica no Cáucaso e é uma região de importância estratégica para a Rússia, tanto pelo petróleo e outras riquezas naturais, quanto pelo porto. Por isso, vem padecendo um assédio que já dura dois séculos.

A política de Putin hoje é a continuação da política levada pelo czarismo e, depois, por Stalin contra a Chechênia. O Império Russo conquistou o Cáucaso nos séculos XVIII e XIX, mas nunca foi capaz de submeter totalmente os chechenos, apesar das atrocidades cometidas pelo czarismo. Somente com a Revolução Russa, em 1917, a Chechênia conseguiu a autodeterminação, por política de Lenin. Mas quando Stalin tomou o poder, a partir de 1923, tudo voltou atrás. Em 1944, Stalin faz uma limpeza étnica na Chechênia. Quando os soldados chechenos voltaram da Segunda Guerra Mundial não encontram mais suas famílias, que haviam sido deportadas em vagões de gado para as terras geladas do Cazaquistão. Um em cada três chechenos morreu congelado.

Em 1957, Kruchev permitiu a volta dos chechenos para casa, mas continuou controlando o país. Em 1991, com o fim da URSS, a Chechênia declarou a independência, mas, em 1994, Yeltsin ordenou que as tropas russas ocupassem Grosni, a capital chechena, que foi finalmente tomada em março de 1995 depois do massacre de 20 mil civis. A resistência foi forte e a Rússia foi derrotada, sendo obrigada a deixar a Chechênia em 1997. Com a chegada de Putin ao poder, as tropas russas voltaram a ocupar o país e impuseram um governo títere, escolhido em “eleições” totalmente controladas pelo exército russo. Putin usou como álibi uma série de atentados contra a população civil em Moscou, acusando os chechenos, mas cuja autoria nunca foi comprovada, existindo fortes suspeitas de que tenham sido praticados pelo Serviço de Inteligência russo.

Essa breve retrospectiva mostra que a única política que possibilitou a convivência pacífica entre chechenos e russos foi a política revolucionária de Lenin, que respeitou o desejo do povo checheno de autodeterminar-se e manter-se dentro dos marcos da Federação Socialista das Repúblicas Soviéticas. Fora desse período, foi uma história de agressões, massacres e atentados.
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