Uma programação que tinha como objetivo trazer as mulheres da construção civil para debaterem a sua situação nos canteiros de obras e a condição da mulher trabalhadora na sociedade capitalista, bem como os efeitos da crise internacional sobre elas, marcou o início das comemorações pelo Dia Internacional da Mulher em Belém (PA). Cerca de 30 mulheres da categoria da capital paraense participaram de debate no sindicato.

A programação começou com uma fala da diretora-geral do Sindicato da Construção Civil, Deusarina de Almeida, a Deusinha como é conhecida. Única mulher presente na direção da entidade, falou da importância de uma mulher dirigir o sindicato e que isso representa uma vitória para as mulheres trabalhadoras da construção civil. Após sua fala, houve a apresentação da peça Cotidiano de uma mulher oprimida. Esta peça retratava pequenas cenas de violência contra a mulher e foi muito aplaudida pelas trabalhadoras. Algumas ficaram emocionadas.

Marcela Azevedo, do Movimento Mulheres em Luta da Conlutas, colocou que o 8 de março é importante porque, nesse dia, 130 operárias de uma fábrica nos EUA foram queimadas vivas por lutarem por seus direitos e que isso não deve ser esquecido nunca. A questão do machismo no canteiro de obras sofrida pelas mulheres, foi outro tema abordado.

Tatiane Sampaio, da Secretaria de Mulheres do PSTU, parabenizou a diretoria do Sindicato pelo espaço. Ela lembrou que as trabalhadoras da construção civil também sofrem com a falta de qualificação profissional e com o assédio moral e sexual de seus colegas de trabalho e patrões. Recentemente, uma trabalhadora da construção civil, foi assediada pelo encarregado da obra e, ao denunciá-lo, foi imediatamente demitida por justa causa. Nada aconteceu como o encarregado, a não ser um afastamento temporário.

A discriminação contra as mulheres trabalhadoras negras e lésbicas também foi lembrada por Tatiane. Ela enfatizou que “a disposição da Secretaria de Mulheres do PSTU não termina com o 8 de março, queremos fortalecer nossa ligação com as trabalhadoras”.

Ao final da atividade foi exibido um vídeo sobre as mulheres trabalhadoras e as mulheres burguesas e foi passada uma lista de assinatura. A idéia é que a partir deste encontro se forme uma comissão de mulheres do setor que, junto com o Sindicato da Construção Civil e a Conlutas, possam organizar o I Encontro de Mulheres da Construção Civil para a discussão de políticas mais concretas para as mulheres desta categoria importantíssima na luta de classes.

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