Ônibus em `operação-tartaruga` no Centro de Macapá

Depois de um ano de luta, trabalhadores param por quatro dias e conseguem vitóriasOs trabalhadores rodoviários do Amapá iniciaram uma jornada de paralisações para obrigar os empresários do transporte a cumprirem o dissídio coletivo. No dissídio, ajuizado em junho de 2005 e julgado no dia 12 de dezembro, os rodoviários tiveram grandes vitórias: 9% de reajuste salarial, cesta básica de R$ 100; fim das duas pegadas; café da manhã; direito de creche nas empresas com mais de 30 mulheres, aumento do valor da Insalubridade, entre outras. Todas essas conquistas foram retroativas a maio de 2005. No entanto, os patrões não só não cumpriram nada do que determinava o dissídio, como mantiveram ainda o boicote ao sindicato, o SINCOTTRAP, não repassando a mensalidade sindical há quase um ano.

Essa atitude criminosa dos empresários gerou uma revolta na categoria e o sindicato entrou com uma ação na Justiça do Trabalho. Os juízes utilizaram-se de detalhes para enrolar os trabalhadores. Primeiro, alegaram que a ação deveria ser movida contra as empresas e não contra o sindicato patronal. A assessoria jurídica do sindicato fez então uma ação contra as empresas, mas, dessa vez, a desculpa vergonhosa foi de que o pedido não especificava qual cláusula do dissídio que deveria ser cumprida.

Rodoviários vão à luta
Tudo isso só fez revoltar ainda mais a categoria que, no dia 14 de março, realizou a primeira paralisação. O Ministério Público Federal do Trabalho fez um acordo com a patronal, que se comprometeu em cumprir parcialmente o dissídio, da seguinte forma: fornecer o café da manhã; repassar a mensalidade do sindicato, terminar com as duas pegadas, pagar a titulo de antecipação a inflação de 6,61% sobre o salário e a cesta básica, retroativos ao mês de novembro de 2005.

Mesmo diante deste ‘acordo´, os rodoviários decidiram manter a luta pelo cumprimento total do dissídio, em assembléia onde esteve presente o Procurador do Ministério Público. Teve início uma jornada de paralisações que parou Macapá. O movimento está ocorrendo nos horários de pico, quando os tubarões do transporte arrecadam mais. No dia 28 de março, a greve parou todas as empresas da capital, Macapá, e da Região Metropolitana.

O movimento tem parado a principal avenida da cidade, ocupando as quatro faixas, da frente da Prefeitura municipal comandada por João Henrique (PT) até o palácio do governador Waldez Góes (PDT). Ao parar os ônibus, os rodoviários se concentram na Praça da Bandeira, onde fazem assembléias. Em seguida, formam uma imensa fila e saem descendo o Centro de Macapá na “Operação Tartaruga” com os veículos em primeira marcha, quase parados. Toda a luta da categoria tem conseguido o apoio da população. Por isso, de noite, ao saírem das assembléias, os motoristas abrem a porta da frente dos ônibus, para que toda a população embarque sem pagar passagem.

Mobilização já derrotou o primeiro grupo de empresários
Esse tipo de pressão já começou a surtir efeito e logo no primeiro dia 28 um grupo de empresários de três empresas – Viação Barbarense Cidade de Macapá, Cidade de Santana e Garra Transportes e Serviços – aceitou cumprir o dissídio. Com isso, essas empresas voltaram a rodar normalmente, enquanto as demais seguem paralisadas.

No dia 31, uma nova assembléia aprovou a pauta da campanha salarial 2006/2007 e votou a continuidade da luta com novas paralisações pela manhã e tarde nos dias 4, 5, 6 e 7 de abril. Os rodoviários continuarão com o movimento, até derrotar os empresários de transporte e conseguir o cumprimento total do dissídio. Nesaa assembléia geral da categoria foi feito a eleição dos setes delegados que os rodoviários enviaram ao Congresso NAcional dos Trabalhadores (CONAT). Vale ressaltar que é o sindicato dos rodoviários que no Amapá que está encabeçando a Construção da Conlutas no estado.