Doença atinge população pobre e aumenta caos nos hospitais públicosUma epidemia de dengue assola o Rio de Janeiro desde o início do ano. Em média, a cidade tem registrado cerca de 900 casos por dia. Mas no último dia 18 foram computados 1.100 casos num único dia, ou seja, 45 novos casos por hora.

Uma criança de um ano é a 29º vítima da dengue no Rio. A morte foi confirmada pela Secretaria Municipal de Saúde nesta terça-feira. A doença já atingiu 20.269 pessoas.

Não é só o clima tropical, as florestas e o clima úmido do Rio que são responsáveis pela proliferação do mosquito da dengue. O ritmo alucinante do crescimento da doença é proporcional à irresponsabilidade da prefeitura e dos governos federal e estadual.

Embora a situação seja de calamidade, o prefeito César Maia (DEM) nega que exista uma epidemia na cidade. Em 2006, por exemplo, a prefeitura deixou de usar 12 milhões da verba destinada ao combate à dengue, segundo o Tribunal de Contas do Município. Além disso, embora tenha se comprometido em contratar 3.700 agentes de saúde, a prefeitura contratou apenas 550 desde 2002.

Como se isso não bastasse, as campanhas realizadas pelos governos federal e estadual são apontadas como insuficientes. De acordo com o epidemiologista, Edmilson Migowski da UFRJ, as campanhas de combate à doença são de apenas um dia. Segundo ele, o combate ao mosquito deve ser feito de forma permanente e a longo prazo.

A epidemia atinge sobretudo a população mais pobre da cidade. O resultado foi o aumento do caos nos hospitais públicos. Muitos enfrentam um verdadeiro martírio para obter acesso a algum tipo de tratamento. O tempo de espera por uma consulta no Hospital Albert Schweitzer, por exemplo, é de mais de três horas.

Segundo uma reportagem do jornal O Dia, a ajudante de cozinha Monique Basílio, precisou faltar ao trabalho para levar a filha de 10 meses ao Hospital Salgado Filho. Ela chegou à unidade às 9h. Até às 14h, o bebê não tinha sido atendido. “Isto não pode acontecer. Estamos vivendo uma epidemia de dengue e pessoas morrendo. É preciso fazer algo logo”, disse.