Se o governo não demonstra nenhuma intenção de resolver os problemas, a tarefa é aumentar a mobilização.

A reunião não apontou nenhuma medida concreta, nenhum encaminhamento

A reunião convocada para essa manhã, 26 de junho, entre as centrais sindicais e a presidenta Dilma Rousseff não tinha o interesse em discutir realmente a pauta dos trabalhadores. Nenhuma medida concreta foi apontada, nenhum encaminhamento efetivo foi providenciado. A presidenta falou 40 minutos, deu 5 minutos para cada central falar e depois levantou-se e foi embora. Assim, pode-se resumir a reunião.  

Segundo um dos representantes da CSP-Conlutas, Paulo Rizzo, esse encontro foi apenas uma cena: “Para inglês ver”, disse.   A presidenta falou muito da sua proposta de pacto, que começa com a defesa de mais ajuste fiscal, o primeiro ponto abordado, e deu muita ênfase para o tal plebiscito sobre reforma política. Segundo José Maria de Almeida, representante da CSP-Conlutas, que também estava na reunião, o governo quer fugir dos problemas concretos que estão colocados pelas ruas e pelas reivindicações dos trabalhadores, construindo algum espaço de participação das pessoas. “Construindo esse espaço desviaria a atenção das pessoas e a presidenta poderia continuar aplicando, no país, um modelo econômico que privilegia o banqueiro, os grandes empresários, o agronegócio e, por isso mesmo, continuaria sem recursos para acabar com o caos da saúde, educação, moradia, transporte, etc”, denuncia.

A CSP-Conlutas acredita que são necessárias profundas mudanças no sistema político brasileiro, por isso não aceitará esta enrolação que vem sendo feita pelo governo. “Queremos o atendimento das reivindicações dos trabalhadores e da pauta das mobilizações nas ruas. Desde abril, entregamos uma pauta ao governo e não tivemos sequer resposta. Não há solução para os problemas que afligem a vida do povo dentro do modelo econômico que aí está”, ressalta Zé Maria.  

Para a Central, é preciso parar de pagar as dívidas externa e interna, pois essa ação transfere metade do orçamento, todos os anos, para os banqueiros e para os grandes especuladores. Enquanto isso não cessar, não haverá recursos para investir em saúde, educação, moradia, transporte, enfim, naquilo que o povo precisa.   Paulo Rizzo apontou ainda, em entrevista para o site da CSP-Conlutas, a necessidade de parar a entrega do patrimônio do país. “É preciso acabar com os leilões das reservas de petróleo e todo tipo privatização, reestatizar o que foi privatizado. E é preciso parar de dar dinheiro para as empresas com as ‘desonerações’ e isenções fiscais, e aplicar esses recursos em políticas públicas que melhorem a vida das pessoas”, ressaltou.  

Se o governo não demonstra nenhuma intenção de resolver os problemas, a tarefa é aumentar a mobilização. Este é o desafio do momento. Fortalecer as atividades do Dia Nacional de Lutas que acontece hoje (26) e amanhã (27), e jogar força total na construção do Dia Nacional de Lutas com Greves e Mobilizações no dia 11 de julho, convocado conjuntamente por todas as centrais sindicais. É hora de parar o Brasil inteiro para cobrar do governo uma mudança de rumo no país e o atendimento das reivindicações dos trabalhadores. Este é o caminho. No entanto, infelizmente, não parece que essa seja uma compreensão geral. A reunião (e a coletiva de imprensa depois da reunião) demonstrou que há dirigentes de centrais dispostos a participar desse jogo. “O dirigente da CUT, por exemplo, se comprometeu a apoiar a iniciativa proposta pelo governo, e não há como defender de verdade as demandas dos trabalhadores sem romper com este governo, sem ter a disposição de lutar contra ele e seu modelo econômico. Ou se está do lado do governo, ou do lado das mobilizações de rua e das reivindicações do próprio movimento sindical”, enfatizou Zé Maria.  

A CSP Conlutas cobrou também da presidenta sobre a violência com que têm sido tratados os manifestantes nas ruas da cidade pelo país. A Central expressou particular preocupação com a situação hoje em Belo Horizonte, com o enorme cerco feito pela polícia contra os manifestantes. Uma violência, aliás, que tem outras facetas, como o assassinato coletivo promovido pela Polícia Militar do Rio de Janeiro no dia de ontem (25).   A CSP-Conlutas esteve representada por dois integrantes da sua Secretaria Executiva Nacional, Paulo Rizzo e Zé Maria de Almeida. Nossa central entregou uma carta à presidenta Dilma que resume sua opinião sobre a situação do país.

Leia aqui a Carta da CSP Conlutas entregue à presidenta Dilma Rouseff