A crise do imperialismo está diretamente relacionada ao crescimento das lutas dos povos da América Latina. A visita de Bush é parte de uma turnê do presidente norte-americano pelo continente, que inclui também o Uruguai, a Colômbia, a Guatemala e o México – todos os governos considerados “parceiros” da Casa Branca.

 A visita de Bush ao Brasil não tem nada a ver com o biocombustível, como querem fazer crer a Casa Branca e o governo brasileiro. O que estará em pauta é a atual situação política latino-americana, marcada por grandes greves, mobilizações de rua e insurreições que derrubaram governos no início deste século.

 Além de proporcionarem um grande avanço na consciência antiimperialista, essas lutas continuam a crescer. No ano passado elas atingiram os estáveis governos do Chile e México. Agora estão se ampliando sobre Colômbia e Paraguai.

 Como expressão distorcida do avanço da consciência antiim-perialista, foram eleitos vários governos de frente popular (formados por organizações do movimento operário e representantes da burguesia) e nacionalistas burgueses. Mas estes novos governos “de esquerda” não propõem nenhuma ruptura. Buscam apenas negociar seus interesses e melhores condições com o imperialismo. Uma boa prova disso é que nenhum deles, nem mesmo os de Hugo Chávez ou de Evo Morales, rompeu com o pagamento da dívida externa. Recentemente a radicalização das massas começou a impulsionar uma onda de nacionalizações, na contramão da ideologia privatista da década passada.  Mas os governos da Venezuela e Bolívia aplicaram um critério burguês às nacionalizações, recusando-se a expropriar as multi-nacionais sem indenizá-las.

Bush vê o “quintal” latino-americano com preocupação. Para restabelecer a influência norte-americana na região, nomeou Thomas Shannon como secretário adjunto responsável pela América Latina. De perfil negociador, o novo secretário declarou que Washington “deixou a ideologia de lado” e não pretende “evitar os erros” cometidos pela política externa norte-americana. Para ele, 2007 “será o ano de compromissos dos EUA com a América Latina”.

‘Íntimos’
Para concretizar esse plano, um dos objetivos centrais da visita de Bush é fortalecer suas relações com Lula, para que o governo brasileiro contenha as lutas no continente.

 Os EUA sabem que Lula é um ombro amigo e pode servir de parceiro na defesa de seus interesses. Como disse Celso Amorim em entrevista à revista Carta Capital do dia 25: “Os Estados Unidos nunca nos valorizaram tanto. Nosso relacionamento hoje é intimo”.

O fato de ser o presidente do maior país do continente faz com que Lula aja como um extintor de incêndio, controlando as mobilizações antiim-perialistas que sacodem a região.

O presidente brasileiro já provou que pode fazer isso. Atuou como bombeiro nas crises revolucionárias em que as massas derrubaram os governos da Bolívia (2003 e 2005) e do Equador (2005), declarando que era necessário preservar as “instituições democráticas”. Agora conduz o país na liderança da ocupação do Haiti, onde, a serviço de Bush, cerca de 1.200 soldados fazem o serviço sujo para o imperialismo.

A “terceirização” das tropas brasileiras no Haiti prova que até militarmente o governo brasileiro se coloca à disposição dos interesses imperiais.

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