O governo colombiano de Álvaro Uribe decidiu colocar à disposição do imperialismo sete bases militares existentes no país. O acordo discutido entre Washington e Uribe permitirá que as forças americanas utilizem as bases de Malambo, Palanquero, Apiay, Tolemaida e Larandia (do exército), além das bases navais de Cartagena e Bahía Málaga.

O acordo é um avanço do assassino Plano Colômbia e representa um enorme perigo para todos os povos do continente. Desde que foi implementado, o plano só trouxe morte e destruição. Milhares de armas foram enviadas pelo imperialismo à Colômbia, além de conselheiros militares, sob a suposta desculpa de combater o suposto terrorismo das Farc. Agora, porém, o imperialismo poderá intervir de forma mais direta no conflito e ampliar os golpes contra o grupo guerrilheiro.

Por outro lado, o controle das bases também vai permitir aos EUA ter uma maior ingerência sobre a região amazônica, uma zona estratégica em razão de sua biodiversidade e dos recursos naturais, como o petróleo. Nos últimos anos, os povos da região amazônica protagonizaram grandes lutas contra o avanço econômico das multinacionais. Entre elas, destacam-se os protestos dos indígenas da região amazônica peruana que lutam contra a entrega dos recursos naturais da região amazônica às multinacionais.

Lacaio do império
Ao ceder às bases militares, Uribe mostra mais uma vez que é o mais fiel lacaio do imperialismo na América Latina. Na decisão do colombiano em permitir a presença militar norte-americana, pesaram vários fatores. Entre eles, a necessidade de reafirmar sua posição como sócio privilegiado do imperialismo (debilitada após a derrota eleitoral de Bush), aumentar a dependência econômica do país em relação aos EUA, obter mais dólares para o Plano Colômbia, além de ter a bênção do imperialismo para seu regime bonapartista.

Dessa forma, Uribe e o imperialismo continuam com a política de transformar a Colômbia numa espécie Israel latino-americana, ou seja, um posto militar avançado do imperialismo que serviria para ameaçar e prover ataques contra outros povos.

Obama: diplomacia e canhões
Para alguns, a decisão do governo dos EUA pode soar como uma surpresa. Afinal, na última Cúpula das Américas, o presidente Barack Obama deu sinais de redefinir a política que os EUA aplicou na passada década na América Latina.

No entanto, a decisão colombiana mostra bem que Obama combina em proporções diferentes a diplomacia com a intervenção direta nos países do continente. Ao mesmo tempo em que se oferece para dialogar com governos de Frente Popular e nacionalistas-burgueses da América Latina – o abraço em Chávez na Cúpula é um símbolo disso -, Obama procura também reafirmar a hegemonia militar do imperialismo e sua capacidade de intervenção direta. A permissão colombiana serve para amedrontar os líderes considerados incômodos, como Hugo Chávez, Rafael Correa e Evo Morales.

Por outro lado, não se pode encarar de maneira isolada a liberação aos norte-americanos. O acontecimento político mais importante no ano no continente foi, até agora, o golpe militar em Honduras, que derrubou Manuel Zelaya. Os dois fatos são parte de um único projeto cujo objetivo é destruir as liberdades democráticas dos trabalhadores. Representam o fortalecimento da ultradireita.

Em época de crise econômica, de acirramento da disputa por mercados e zonas de influência, o imperialismo não pode se dar o luxo de relaxar na região que consideram o seu quintal. O plano do imperialismo deve ser repudiado pelos povos do continente e combatido por uma ação unificada das massas operárias e populares de toda América Latina.