A massas iraquianas têm pela frente um problema crucial: expulsar as tropas invasoras para conquistar a libertação nacional. Mas, para isso, precisam construir uma direção revolucionária, que seja capaz de unir as diversas forças populares em torno de um programa de rompimento com o imperialismo.

As massas seguem direções religiosas ou mesmo setores burgueses descontentes, ligados ao partido Baath, o mais importante partido burguês do Iraque, que foi dirigido por Saddam Hussein e hoje está dividido em várias facções. Seu programa é fazer acordos com os EUA para ampliar seu espaço de barganha e tentar recompor o regime burguês, dar continuidade à exploração das riquezas do Iraque, entre elas o petróleo.

Consolidar o regime colonial de exploração não é um troféu à altura da capacidade de luta das massas, de seu heroísmo, e de tantas vidas que já entregaram pela soberania. Elas, que já tiveram Najaf e Kerbala totalmente sob seu controle, além de bairros inteiros de Bagdá, agora têm de sair de cabeça baixa e aceitar um processo político totalmente controlado pelos EUA.

A idéia de um combate nacional comum, unindo sunitas e xiitas, chegou a estar na ordem do dia no Iraque, fazendo da expulsão dos invasores uma perspectiva possível. Mas se essa era a perspectiva das massas, não era a das direções burguesas, como os dirigentes curdos, os xiitas que participam do Conselho de Governo e Sistani. Uma união entre sunitas e xiitas poderia incendiar o país e levar de fato a um rompimento com o maior comprador de petróleo do Iraque e tutor absoluto do governo e da burguesia iraquiana. E junto com os EUA poderiam ir também para o abismo a escória da burguesia iraquiana.

Esse era o perigo se Al Sadr prosseguisse em Najaf. E ele foi devidamente convencido a baixar a guarda, em troca de um espaço nas negociações políticas e, quem sabe, uma fatia do poder no futuro Iraque “soberano”. As massas já demonstraram que estão dispostas a ir muito mais além dessa política. O acordo que Al Sadr assinou não vai resolver nada. O problema da direção persiste e é a chave hoje no Iraque para uma vitória frente ao imperialismo.
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