Com um faturamento de mais de US$ 30 bilhões no ano passado e um alto índice de isenção fiscal, o Pólo Industrial de Manaus (PIM) formado por indústrias metalúrgicas, termoplásticas, eletroeletrônicas e de duas rodas, em sua maioria, já demitiu de janeiro de 2008 a fevereiro deste ano, mais de 27 mil trabalhadores.

Essas empresas são filiais de multinacionais que contam com um alto índice de produtividade e uma alta taxa de mais-valia. Segundo os indicadores de Desempenho do PIM, fornecidos mensalmente pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), desde 2003 as empresas do pólo (PIM) destinaram, em média, somente 5,14% do total do faturamento, ou R$ 2,2 bilhões (US$ 1 bilhão) por ano, para o pagamento de empregados, incluindo salários, encargos e benefícios sociais. Enquanto isso, o faturamento médio anual ultrapassou os R$ 44 bilhões (US$ 19,8 bilhões).

Com a crise econômica mundial, com o pretexto de remediar possíveis demissões, as empresas exigiram mais isenções de impostos, o que foi prontamente atendido pelo governador Eduardo Braga (PMDB), com o consentimento da atual diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos, filiado a Central Única dos Trabalhadores (CUT). O acordo entre empresários, governo e sindicato rendeu, só em fevereiro, mais R$ 315 milhões para 37 indústrias. Dessas, sete são do segmento de duas rodas e trinta de termoplásticos. Esses incentivos anticrise, como eles denominam, incluem prorrogação de prazo para pagamento de Impostos Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), 1,5% de isenção de ICMS e desconto do ICMS da energia elétrica. Mas, mesmo com todo o discurso anticrise, os empresários embolsaram os incentivos e continuaram demitindo.

Sindicato da CUT se limita a comentar as demissões
Diante do quadro de demissões, o Sindicato dos Metalúrgicos, dirigido majoritariamente por uma burocracia ligada ao PT e à CUT, se limita a comentar as demissões e pressionar via parlamento o cumprimento das clausulas do acordo. Na prática, corrobora com as demissões, uma vez que não toma nenhuma iniciativa para mobilizar os trabalhadores e enfrentar os patrões do distrito industrial. Assim, qualquer foco de resistência da classe, como greves localizadas e paralisações espontâneas se perdem no isolamento, sem nenhum apoio da diretoria do Sindicato. Uma constatação clara de traição aos interesses dos trabalhadores.

Um dia nacional de mobilizações e paralisações: uma outra maneira de enfrentar a crise
Diante desse quadro, o Dia Nacional de Mobilização, no dia 30 de março, pode ser um importante momento para deixar mais clara as duas estratégias para enfrentar a crise. De um lado a política da CUT, Força Sindical e CTB, com uma política de conciliação, que na prática significa perda de direitos, salários e demissões, como vem ocorrendo em todo o país. Por outro lado, a política da Conlutas, que a exemplo do Sindicato de São José dos Campos, vem dando um grande exemplo para todo o país com o enfrentamento das demissões na Embraer.

Aqui em Manaus, a Conlutas, que ainda está dando seus primeiros passos, está se organizando para realizar um ato envolvendo a categoria dos correios, as oposições metalúrgicas, de professores e a Conlute. Esse pode ser o primeiro passo para se apresentar uma outra maneira de enfrentar a crise aqui na região.