Vale tenta criminalizar os movimentos sociais em Minas

Trabalhadores rurais, estudantes e ativistas de movimentos sociais foram presos ontem, dia 22, depois de ocuparem o prédio da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), em Belo Horizonte, Minas Gerais. A ocupação ocorreu depois de um ato público pela educação, que reuniu cerca de 500 pessoas. O ato faz parte da Jornada Nacional em Defesa da Educação Pública e a ocupação da Vale teve como objetivo entregar uma carta que denunciava o processo de privatização da Companhia, que esse ano completa dez anos.

Ao chegar ao local e constatar que a manifestação era pacífica, a polícia procurou negociar com os manifestantes, em sua maioria estudantes, a desocupação. Porém, instantes depois, advogados da Vale, acusando os manifestantes de formação de quadrilha e cárcere privado, exigiram uma ação policial mais forte. A Companhia inicia, neste momento, uma campanha através da imprensa acusando o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) de manipular os estudantes para participarem dos atos [veja a nota da Vale]. “A idéia é desmoralizar os movimentos”, afirma Frederico Santana, da Consulta Popular.

Ao todo, 136 manifestantes foram presos, sendo, pelo menos, sete menores de idade. Segundo os estudantes a repressão foi implacável. O quarteirão inteiro foi cercado e foi um usado um aparato policial bastante repressivo, cerca de 200 policiais. Os manifestantes foram levados para a delegacia em dois ônibus, acompanhados de advogados dos movimentos, foram interrogados e a maioria liberados.

Cinco permanecem presos, entre eles um militante do MST, um do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) e três estudantes do movimento estudantil. Eles estão sendo acusados de dano ao patrimônio e formação e quadrilha e aguardam julgamento do habbeas corpus para responderem ao processo em liberdade.

Para o MST, a ação da Vale, especificamente, a campanha que está sendo repercutida contra o Movimento na imprensa, tem a clara intenção de criminalizar os movimentos sociais, sobretudo, os que estão envolvidos na Campanha Nacional pela Anulação do Leilão da Vale do Rio Doce – A VALE É NOSSA!, que culminará em um plebiscito popular em setembro.

Para Dirlene Marques, comissão coordenadora do plebiscito em Minas Gerais, a anti-campanha da Vale já começou há pelo menos três meses com campanhas publicitárias na televisão. “Já existe uma anti-campanha que mostra “as coisas boas” que a Vale fez, mas não mostra a poluição, não mostra a degradação ambiental que a Vale produz”, diz.

Segundo ela à medida que se aproxima a data do plebiscito, que será realizado entre os dias 1° e 7 de setembro, a Vale reforça a campanha publicitária e também começa a cercear de forma mais ostensiva as manifestações dos movimentos sociais, inclusive cercando os locais onde ela tem escritório. No entanto, a ação da Vale expõe as contradições da Companhia, reforçando o papel do plebiscito popular e da necessidade de se rediscutir o leilão que privatizou a Companhia em 1997.


Nota de repúdio a Polícia Militar de Minas Gerais e a Companhia Vale do Rio Doce!

Quarta-feira, dia 22 de agosto de 2007, um grupo de cerca 250 integrantes dos movimentos populares e estudantis fizeram um protesto pacífico em escritório da Vale do Rio Doce, em Belo Horizonte, com o objetivo de denunciar o roubo ao povo brasileiro com a privatização da Vale. A manifestação integrava parte da Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Educação Pública.

A truculência da Política Militar
A PM agiu com excesso de força física, algemou 126 manifestantes (dentre eles diversos menores) e abusou de poder com humilhações e retratações aos manifestantes;
Diversos policiais fizeram apologia à volta da ditadura militar!

As Mentiras da Vale do Rio Doce
A manifestação foi pacífica, não houve cárcere privado e os manifestantes não agrediram qualquer funcionário da Vale;
A ação não foi manipulada por MST e MAB, mas construída por diversos movimentos que estão na luta pela Reestatização da Vale!;
A Vale incriminou 5 manifestantes por PERSEGUIÇÂO POLÍTICA sem qualquer prova concreta de crime;

A Campanha para reestatização da Vale do Rio Doce

A Vale foi vendida por 3,2 bilhões, mas seu valor estimado era de 92 bilhões de reais!
O avaliador (Banco Bradesco) participou diretamente do leilão e comanda a maior parte das ações da empresa;
A privatização passou para multinacionais o controle de todas as riquezas mineiras do país, além de imensa malha ferroviária e outros bens fundamentais para a soberania do Brasil!

O que queriam os manifestantes:
Uma coletiva com a imprensa para chamar a sociedade para a LUTA PELA REESTATIZAÇÃO DA VALE e para BARRAR OS AVANÇOS DO NEOLIBERALISMO no Brasil!
Lutar por mais verbas para a educação, acesso do povo à educação pública de qualidade, fim do vestibular e passe livre estudantil!

SOLIDARIEDADE AOS MOVIMENTOS SOCIAIS E CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DOS MANIFESTANTES DETIDOS INJUSTAMENTE!!!

VAMOS TODOS E TODAS PARTICIPAR DO PLEBISCITO PELA REESTATIZAÇÃO DA VALE E CONTRA REFORMAS NEOLIBERAIS – DE 1 A 9 DE SETEMBRO!

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