No dia 16 de agosto, sábado passado, trabalhadores da Volks de São Bernardo do Campo (SP) se reuniram em plenária no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para continuar o debate sobre a Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e o banco de horas.

Nas plenárias anteriores, a maioria dos trabalhadores já tinha se pronunciado contra a retomada da discussão sobre o banco de horas, rejeitado recentemente. Mesmo assim, a Artsindical (direção da CUT) incluiu a discussão na pauta. O debate foi acirrado, com o plenário bastante dividido sobre refazer a discussão com a fábrica ou não.

Percebendo que tinha uma ligeira maioria, a Artsindical colocou em pauta a forma como os trabalhadores deveriam decidir sobre o tema. Diante das propostas de assembléia no pátio ou plebiscito, a Artnsindical impôs o plebiscito.

Democracia operária versus democracia burguesa
Aqui temos uma discussão estratégica: como os trabalhadores devem decidir sobre suas reivindicações? As assembléia no pátio da Volks, por várias vezes, colocaram a direção do sindicato em situações complicadas. Foi o caso da última, que recusou a renovação do banco de horas e forçou a Artsindical permitir uma fala para a defesa contra a proposta do sindicato e da Volks.

O plebiscito nos moldes da democracia burguesa faz com que primeiro o controle do processo seja da empresa. Em segundo lugar, os setores mais atrasados, que não ficam nas assembléias, têm o mesmo direito que os trabalhadores mais conscientes que participam de forma ativa das assembléias no pátio.

Agressões e intimidações
Como ocorrido ao final da penúltima plenária, quando o vice-coordenador do Comitê Mundial dos trabalhadores na Volkswagen, o Chalita, tentou agredir com uma cadeira o membro da Comissão de Fábrica da montagem final, Ailton Gomes, no dia 16 a direção sindical foi mais longe. Ao final da plenária, quando os membros da oposição foram tirar satisfação sobre o encaminhamento da proposta do plebiscito que não estava na pauta, o membro da comissão na estamparia, o Nelson, agrediu com chutes um trabalhador da ala 13. Esse reagiu à agressão. O coordenador do Comitê Sindical, o Frangão, e o diretor da executiva do sindicato, o Marcelão, partiram, então, covardemente para cima do trabalhador e o espancaram.

A Artsindical demonstra, assim, que as discussões se resolvem no braço. Essa postura só contribui para afastar os trabalhadores do sindicato.

O caso foi parar na delegacia com Boletim de Ocorrência aberto e exame de corpo delito. Nesta segunda-feira, 18, foi distribuído um manifesto na fábrica assinado por membros da Comissão de Fábrica da estamparia, armação e carroceria, pintura, usinagem e montagem final e ex-diretores do sindicato, conclamando o repúdio a estes métodos no meio sindical, que nada mais são que um banditismo que vem se ampliando, como o caso do atentado à sede da Conlutas do Vale do Paraíba (SP).