Assim como ocorreu em várias cidades por onde a tocha olímpica passou, em São José dos Campos, nesta terça-feira, dia 26, também houve protesto contra os gastos excessivos nas Olimpíadas.
 
Com tochas de papel, faixas, cartazes, bonecos de Dilma e Temer, sindicatos de trabalhadores e a CSP-Conlutas realizaram uma manifestação no centro da cidade.
 
Foi uma manifestação pacífica que teve início ainda no início da tarde. Manifestantes traziam faixas e “tochas” de papel, com inscrições “emprego”, “educação”, “saúde”, “moradia”, e denunciaram o desperdício de dinheiro público nas Olimpíadas, enquanto o país enfrenta uma grave crise política e econômica.
 
Vergonha, vergonha, tocha da vergonha” foi uma das frases entoadas. “Tá ,tá, tá, tá na hora… De botar todos pra fora… Já roubou, inflacionou de mais… Queremos eleições gerais!”, foi outra palavra de ordem do protesto, que ganhou adesão popular no momento da passagem da tocha.
 
O povo não aguenta mais ver tanta corrupção e mau uso do dinheiro público, enquanto há mais de 12 milhões de desempregados no país, a inflação corre solta e os direitos estão ameaçados”, disse Janaína dos Reis, dirigente do MML e pré-candidata do PSTU a vereadora em São José.
 
Prisão arbitrária
Quando os manifestantes já se preparavam para ir embora, por volta das 20h, a polícia cercou o dirigente do PSTU e da CSP-Conlutas, Luiz Carlos Prates, o Mancha, e o levou para a delegacia. Policiais disseram que não sabiam o motivo da prisão. Foi “ordem de cima”. Chegaram inicialmente a impedir a entrada de um advogado. Os manifestantes permaneceram em frente do DP e Mancha foi liberado por volta das 21h.
 

 

Publicado por PSTU SJCampos em Terça, 26 de julho de 2016

Dezenas de policiais me cercaram simplesmente por que participava da manifestação. Foi uma manifestação democrática, pacífica, que protestava, assim como em outras cidades, contra os gastos excessivos das Olímpiadas e por mais recursos para a saúde, educação, moradia”, contou.
 
O uso desproporcional da PM foi para tentar intimidar o movimento, todos os que lutam. Os governos, seja de Temer, Alckmin ou Carlinhos, usam da repressão e da criminalização das lutas sociais para tentar impedir o questionamento popular aos seus desmandos, mau uso do dinheiro público e corrupção. Mas não vamos nos intimidar”, disse Mancha, que é pré-candidato do PSTU a vereador em São José.
 
 
A farsa do legado olímpico
Pesquisa do Ibope revelou que os brasileiros veem mais prejuízo do que benefícios com a realização das Olimpíadas no país.  Hoje, 60% acreditam que os jogos trarão mais prejuízos contra apenas 32% que acreditam que as Olimpíadas serão mais benéficas.
 
Para muitos, a competição já é um fracasso. E motivos não faltam para ter essa opinião. No país, assistimos uma das maiores crises da história e no Rio de Janeiro, é ponte que cai, servidor que não é pago, a saúde pública falida, a não finalização das obras para as competições e de infraestrutura, entre outros. O Rio está em estado de calamidade pública.
 
Sem contar que falar de “legado” à população é brincadeira. Assim como da maioria dos estádios da Copa, muitas obras virarão “elefantes brancos” após os jogos e não atendem as necessidades da população. Um exemplo são estações de metrô construídas que conectam bairros de classe alta às áreas dos jogos, quando a maioria dos moradores do Rio preferiria ver a construção de uma linha diferente, que conectasse o centro da cidade aos municípios menos chiques de Niterói e São Gonçalo, por exemplo, onde muitos trabalhadores vivem e que custaria metade do preço.
 
Segundo dossiê do Comitê Popular da Copa e das Olimpíadas do Rio de Janeiro, cerca de 4.120 pessoas foram realocadas em razão dos Jogos. Ainda de acordo com o relatório, “em todos os casos, as retiradas aconteceram sem o acesso dos residentes a informações ou com a ausência de discussões públicas sobre os projetos de urbanização”.