O país está à beira de mais um engano eleitoral. É uma experiência comum dos trabalhadores a desconfiança em relação aos “políticos” de prometer uma coisa e fazer outra. Pois bem, em menos de uma semana deve se confirmar o que será uma das maiores decepções da história do país.

As pesquisas indicam que Lula será reeleito no dia 29 de outubro. Já não existirá a mesma euforia de 2002, nem a mesma expectativa de que a vida vai mudar. A experiência com estes quatro anos do primeiro mandato de Lula, já serviu para afastar isso. As pessoas se fizeram menos exigentes, baixaram seu horizonte. Aceitam pequenas migalhas recheadas de corrupção. Afinal “todos roubam”, e “não se pode mudar tudo”. Mas vão eleger um governo “de esquerda” para evitar Alckmin, da “direita”.

Mas mesmo essas expectativas mais modestas vão ser traídas. As mínimas concessões feitas pelo governo do PT em seu primeiro mandato se explicam pelo ciclo de crescimento econômico internacional que está terminando. Virá uma nova crise cíclica da economia capitalista, o que significa mais desemprego e arrocho salarial. Por outro lado, as grandes empresas multinacionais já definiram uma nova rodada de reformas, como a trabalhista e a da previdência encabeçando elas, e que significarão um dos maiores (talvez o maior) dos ataques já sofridos pelos trabalhadores em toda a história.

E isto é assim porque Lula, na verdade, não tem nada a ver com um governo de esquerda. É um governo de direita, fantasiado de esquerda, usando a cara do antigo líder operário que foi Lula no passado para dar credibilidade a seus projetos. Esta é a história não contada nestas eleições. Não se pode combater a direita, defendendo um outro governo de direita. O que existe de “esquerda” em Lula? Será uma corrupção de “esquerda”? Será um neoliberalismo de “esquerda”?

Ou o Bolsa Família é de esquerda? Trata-se de uma recomendação do Banco Mundial, para legitimar os mesmos planos econômicos neoliberais de sempre, através da distribuição de migalhas, velho recurso eleitoral populista.

A questão das privatizações, explorada amplamente por Lula, é mais um exemplo desta mistificação. É verdade que o PSDB-PFL de Alckmin foi responsável pelas maiores privatizações da história do país. Mas Lula não é nenhuma garantia em defesa das estatais, como demonstramos nas páginas desta edição do Opinião Socialista.
Lula não reestatizou as empresas privatizadas por FHC, apesar de todas as denúncias feitas por ele próprio sobre as maracutaias que ocorreram. Mas não foi só isso: Lula seguiu privatizando bancos estaduais, criou as PPP’s (Parcerias Público–Privado), e seguiu com a privatização parcial da Petrobras, Banco do Brasil e Correios.

Os trabalhadores não têm alternativa eleitoral neste segundo turno. Não existe somente “um perigo de direita”, mas sim dois perigos de direita; Lula e Alckmin.
O voto nulo deve ser um ato de protesto contra estas duas candidaturas. Se o voto nulo crescer, enfraquecerá estas alternativas burguesas, ganhe quem ganhe as eleições. Só a luta dos trabalhadores poderá evitar a continuidade da privatização das estatais. O voto nulo deve ser um ato de esquerda, contra as duas propostas da direita.

Só a luta dos trabalhadores pode evitar as reformas neoliberais do novo governo eleito no dia 29. Vote nulo contra as reformas neoliberais!

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