Na última semana de abril serão realizadas em Minas Gerais as eleições para o Sindicato dos Metalúrgicos de Belo Horizonte, Contagem e Região. Dos dias 26 a 29, os trabalhadores estarão frente a uma importante decisão: mudar o sindicato escolhendo uma chapa de luta e enraizada na base ou seguir com uma entidade governista e afastada da realidade das fábricas.
Pela primeira vez em muitos anos, foi formada uma chapa de oposição com 34 companheiros representando fábricas das mais diversas regiões e que se propõem a mudar os rumos do sindicato, aproximando a diretoria da base na luta contra os baixos salários e as péssimas condições de trabalho. Existe uma insatisfação muito grande por parte da categoria com a postura conciliadora do sindicato e, por isso, acreditamos que a mudança é possível e um desejo dos trabalhadores, afirma Oraldo Paiva, integrante da Chapa 2 Oposição Metalúrgica.
Hoje a maioria da direção do sindicato se encontra atrelada aos governos tanto o governo Lula como as prefeituras petistas de BH e Contagem e à CUT. Por isso, se coloca contra os trabalhadores firmando acordos rebaixados e apoiando projetos que retiram direitos como a Reforma Sindical de Lula e do FMI. A Chapa 2, da Conlutas, quer retomar a independência do sindicato frente a qualquer governo e aos patrões e já está mobilizando a categoria contra a reforma.
Retomar tradição de luta
Em Minas Gerais, o Sindicato dos Metalúrgicos desempenhou papel de destaque no ascenso que derrubou a ditadura, originou a CUT e varreu os pelegos das entidades. Mobilizações e greves, como a ocupação da Mannesmann em 1989, entraram para a história e serviram como exemplo para os trabalhadores de todo o país. Mas, apesar da tradição e do fato de ser uma região de alta concentração industrial que conta com cerca de 50 mil metalúrgicos, apenas 5 mil são filiados ao sindicato. Isso se deve não só à perseguição dos patrões, mas também ao descrédito em que a entidade se encontra. É preciso que os metalúrgicos voltem a se identificar com o sindicato, elegendo uma diretoria que retome a tradição de luta, enfrentando desafios como os ataques dos patrões e as reformas do governo.