Os países imperialistas expandiram sua produção industrial para países semicoloniais, em que impõem salários mais baixos e aumentam suas taxas de lucros. Isso ganhou nova dimensão com a restauração do capitalismo nos antigos Estados operários, em particular na China, que se transformou em uma gigantesca base de plantas industriais das multinacionais. Nada menos que 50% da produção das multinacionais é feita na China.

O imperialismo impõe uma relação desequilibrada a partir de seus próprios interesses. As multinacionais produzem na China e exportam para o mundo todo, em particular para os EUA, o maior mercado do mundo. O déficit comercial deste país com a China em grande parte é resultado da importação de produtos das próprias fábricas norte-americanas. Existia um “equilíbrio” que era a expressão de um desequilíbrio permanente, produto da decadência da economia norte-americana.
Agora o governo dos EUA está agindo para impor um novo grau de desequilíbrio. A decisão do país de despejar mais 600 bilhões de dólares nos próximos meses teve o efeito de uma bomba em todo o mundo.

No mercado mundial, as transações comerciais são realizadas em dólares. A política do governo dos EUA tem sido a desvalorização de sua moeda para encarecer suas importações e aumentar as exportações. Isso vem sendo realizado há anos mediante o aumento da emissão de dólares. Mas agora o conteúdo é diferente. Enquanto os governos europeus estão impondo planos de austeridade, o norte-americano, na contramão de todos os outros, despeja uma montanha de dólares no mercado.

O efeito foi o de uma medida protecionista. Ao tornar suas mercadorias mais competitivas no mercado mundial, os EUA acabam (mais uma vez) cobrindo seu déficit à custa do resto do mundo. Grandes exportadores, como China e Alemanha, e economias que dependem fortemente das exportações, como o Brasil, são os maiores prejudicados. Na reunião do G-20 a chanceler da Alemanha Angela Merkel acusou diretamente os EUA de buscar ganhar competitividade de forma “artificial” desvalorizando o dólar. Obama contra-atacou dizendo que “o que é bom para os EUA é bom para o mundo”. O presidente quis dizer que, se os EUA continuarem estagnados, todos os demais países também permanecerão.

Neste momento, cada país tenta elevar suas exportações depreciando sua moeda e tornando os produtos mais baratos no mercado externo. A guerra cambial é potencialmente grave. A desvalorização das moedas como medida protecionista pode levar a uma atitude de “todos contra todos”, que pode reduzir a recuperação do comércio internacional e agravar a crise mundial.

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