Redação

Reino Unido ameaça invadir embaixada do Equador para prender Julian AssangeO Reino Unido ameaça fazer o que nem mesmo o ditador Pinochet foi capaz em plena ditadura chilena: invadir uma embaixada. Em resposta à concessão do asilo (finalmente anunciado pelo Equador na manhã desse 16 agosto) ao australiano Julian Assange, fundador e líder do site WikiLeaks, Londres ameaça invadir a embaixada do país latino-americano para deter o jornalista e extraditá-lo para a Suécia.

Assange está abrigado desde o dia 19 de junho na embaixada equatoriana, quando também ingressou com pedido de asilo político. O australiano fez o pedido após ter negado o último recurso à Justiça britânica contra o processo de extradição realizado pela Suécia, onde é acusado de abuso sexual.

Nesse dia 15 de agosto, assim que o Equador sinalizou que responderia a pedido de Assange, o Reino Unido ameaçou invadir a embaixada para prender à força o jornalista, atacando a soberania do país latino-americano.

O governo britânico ameaça recorrer a uma obscura lei de 1987 que permitiria a revogação da imunidade diplomática de representações estrangeiras, possibilitando assim a entrada da polícia na embaixada equatoriana. O chanceler do Reino Unido, William Hague, negou que o país estivesse prestes a invadir a embaixada, mas reiterou que não concederá o salvo-conduto para que Assange possa sair do país, ou seja, trata-se de uma ataque também à soberania do Equador, uma vez que o governo britânico não reconhece o asilo diplomático concedido a Assange. Ao mesmo tempo, mandou policiais para a entrada da representação diplomática. Na prática, a Inglaterra se nega a reconhecer o asilo concedido pelo Equador ao fundador do WikiLeaks.

O presidente do Equador Rafael Correa, por sua vez, não pode ser considerado como um exemplo da “defesa da liberdade de expressão”. Em seu próprio país, Correa, impõe uma prática completamente oposta. Há, hoje, no Equador centenas de ativistas indígenas, sindicalistas e estudantes processados por “terrorismo”, estando um deles, o dirigente estudantil Marcelo Rivera, preso desde 2009.

Perseguição política
As ameaças da Inglaterra reforçam o caráter político das denúncias contra Assange. As acusações de abuso sexual ocorreram após o vazamento de centenas de milhares de telegramas diplomáticos e mensagens confidenciais que expuseram publicamente a barbárie norte-americana no Iraque e Afeganistão, além da ingerência do imperialismo em vários países, inclusive Brasil.

Teme-se que, uma vez extraditado para a Suécia, o país entregue Julian aos EUA para ser julgado pela publicação de documentos confidenciais, podendo até ser condenado à morte. A situação do soldado Bradley Manning, preso por vazar informações sigilosas dos EUA (foi formalmente acusado de, entre outros crimes, “conluio com o inimigo”) e brutalmente torturado no cárcere, é apenas uma mostra do que pode ocorrer a Assange em território norte-americano.
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