Apesar da crise mundial, o Brasil ainda goza, neste momento, de um crescimento da economia. As grandes multinacionais apostam no Brasil como plataforma de exportações de matérias primas para todo o mundo e de automóveis e eletrodomésticos para a América Latina.

Os planos de investimentos dessas empresas seguem sendo aplicados no país, que tem uma mão de obra barata e um governo completamente alinhado com as multinacionais. Crescimento econômico e super exploração dos trabalhadores caminham juntos no Brasil. Os lucros obtidos aqui são importantes para compensar parcialmente a crise nos países imperialistas.

Medidas
Além disso, a perspectiva da exploração do petróleo com o pré-sal e as obras para a Copa e Olimpíada são elementos a mais para manter o crescimento.
Mesmo assim, existe uma desaceleração da economia, que vai cair de um crescimento de 7,5%, em 2010, para algo próximo a 3%, em 2011. Essa desaceleração deve seguir em 2012, não estando claro quando e se virá ou não ocorrer uma nova recessão no país como fruto da crise internacional.

Mas a desaceleração já é um reflexo das consequências da crise mundial no Brasil. Dilma está preocupada e, por isso, repete preventivamente as medidas aplicadas por Lula para enfrentar a crise de 2008, mesmo antes de a economia brasileira viver uma recessão.

A taxa de juros, que aumentou no início de seu governo, de 10,75% para 12%, passou a ser reduzida, chegando a 11%. Repete a postura de Lula, que baixou de 13,5%, em 2008, para 8,75%, em 2009. Em todos esses casos, não se mudou o essencial da política econômica. E os juros seguem sendo os maiores de todo o mundo.

Está também aplicando a redução de impostos para as empresas, para tentar segurar o consumo, em queda, com a redução do IPI para a linha branca, uma reedição da política de Lula.

Projetos
Por outro lado, não anunciou nenhuma iniciativa real em defesa dos trabalhadores. Ao contrário, tramitam no Congresso Nacional projetos que representam graves ataques aos direitos dos trabalhadores. Um exemplo é a PL 549/2009, que propõe o congelamento dos salários dos servidores públicos. Também há o Projeto de Lei 1992/2007, que visa privatizar a Previdência desses servidores. Já o Projeto de Lei 1749/2011 tem objetivo avançar na privatização dos Hospitais Universitários.
Não podemos nos esquecer da possibilidade do governo aplicar uma nova reforma da Previdência no caso do país sofre com os efeitos da crise mundial.

O projeto, que está na mesa da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda desde 2010, prevê uma nova regra draconiana que estabelece que a soma do tempo de contribuição e da idade do assegurado deve atingir 105 para que ele se possa se aposentar (e 95 para as mulheres). Na prática essa regra estabeleceria a idade mínima para as novas aposentadorias.

Por outro lado, também existe uma discussão apresentada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo (SP) que tem enorme gravidade. O sindicato defende que empresas e sindicatos possam fazer acordos “especiais”, sem ficar presos à legislação. Ou seja, naquele que foi o berço do sindicalismo combativo no passado, está se discutindo uma proposta que poderia significar uma reforma trabalhista, contendo um ataque que nenhum governo de direita conseguiu até os dias de hoje. Com isso, se deixaria de lado as conquistas dos trabalhadores asseguradas por lei, para negociações conduzidas pelos pelegos.

Calibrada
Caso entrem em vigor, essas reformas seriam o maior ataque aos trabalhadores, semelhante às reformas levadas a cabo neste momento pelos governos da Europa.
O governo Dilma vai calibrar o ataque em função da realidade internacional e seus reflexos sobre a economia brasileira. Pode ser que se dê em 2012? Não se sabe. Vai depender da situação econômica e da luta de classes. Mas, conhecendo os resultados do primeiro ano de governo de Dilma, é bom estar preparado.
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