Conferência do lingüista norte-americano foi a mais concorrida do Fórum * Para Chomsky, “aqueles que buscam forma mais justa de globalização – como integração internacional – são considerados erradamente como antiglobalização”

A conferência do linguista Noam Chomsky – um dos mais importantes opositores internos à política de dominação dos povos implementada pelos Estados Unidos – reuniu cerca de 6 mil pessoas em três salas diferentes na noite do dia 1º. O evento, realizado no Centro de Eventos da PUC/RS, abriu o seminário “Um mundo sem guerras é possível”.

O discurso de Chomsky, baseou-se em levantamentos dos organismos de inteligência dos Estados Unidos para mostrar como os “mestres do universo” (classe dominante norte-americana, em especial) utilizam terrorismo para combater o terrorismo. De maneira bastante didática, o professor explicou como os ricos e poderosos se esforçam para “proteger as populações da grande besta” (denominação dada pelos americanos aos povos desobedientes ou dissidentes da sua política.

Chomsky também explicou o mecanismo de potencialização do uso dos instrumentos de repressão. Segundo o professor, os repressores sempre usam todas as oportunidades, especialmente as crises, como terremotos ou os atentados de 11 de setembro de 2001, para espalhar o medo. Quando a administração norte-americana do presidente Ronald Reagan escolheu o terrorismo para esmagar a América Central, pela ação dos “contras”, apenas utilizou um pretexto. E “quando um pretexto acaba, é necessário que se criem novos pretextos para controlar a besta”. Por isso, 20 anos atrás, Reagan afirmou que a guerra contra o terrorismo seria o eixo da política externa americana para a América Central e o Oriente Médio. Agora, a mesma lógica é usada por George W. Bush para jutisficar políticas de terrorismo estatal como a invasão da Palestina por Israel, a ofensiva contra a Somália, a Colômbia e o conjunto da Ásia Central.

Chomsky falou ainda sobre experiência violenta de implantação do neoliberalismo na América Latina; economia mundial; a necesidade de lutar contra a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), que para ele, como o Nafta – acordo semelhante firmado entre Estados Unidos, Canadá e México em 94 – vai levar os trabalhadores, em especial os dos países mais pobres, a mais miséria, desemprego e fome. Aumentando as desigualdades sociais.

Questionado pelo Jornal do Judiciário sobre qual é a saída que os explorados e oprimidos devem buscar para enfrentar o modelo de globalização imposto pelos “mestres do universo”, Chomsky respondeu que “não há muitos segredos. A chave é a mobilização com perseverança e energia”.