Logo no início de 2007 foi realizado, na cidade de Rimini, na Itália, o congresso de fundação do Partido da Alternativa Comunista (Pd’AC), o mais novo partido da Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (LIT-QI). Uma bela notícia para os ativistas que lutam pelo socialismo, contra a opressão do capitalismo imperialista. Veja abaixo o artigo sobre o evento, que contou com a participação de representantes do PSTU e do PRT (sessão da LIT na Espanha). A versão integral pode ser lida no portal.

Passaram-se já cerca de oito meses desde aquele dia em que, depois da vitória eleitoral de Unione (1), algumas centenas de militantes e dirigentes romperam com a Rifondazione Comunista (2) – em vias de entrar no Governo Prodi – e deram início ao processo constituinte de um novo partido comunista. Não se pode dizer que foram meses de repouso: se desde então muitos ativistas provenientes de Rifondazione – mas também do sindicalismo de base e de experiências de luta e movimento – abraçaram o nosso projeto, somente o passar do tempo e um generoso dispêndio de energia dos nossos militantes possibilitaram frutos tão significativos.

Desde então, em quase todas as cidades da Itália, buscamos dar voz – apesar do absoluto silêncio da imprensa nacional – a uma exigência para nós irrenunciável: a necessidade de construir um sujeito político à altura de representar, depois da passagem da Rifondazione Comunista para o outro lado da trincheira, o interesse dos trabalhadores, desempregados, jovens precarizados e imigrantes na Itália; a construção de uma oposição de classe a um governo preparado a representar os interesses da Cofindústria e a infligir um duro golpe às camadas populares.

Prevíamos que o governo Prodi (3) seria, para os trabalhadores, ainda mais nefasto que a administração anterior. Cortes em investimentos sociais e o início dos fundos de pensão confirmaram drasticamente nossas previsões. Dizíamos que, com o apoio de Rifondazione e da Confederação Geral Italiana do Trabalho (CGIL), o governo estaria impelido a colocar um freio às lutas e mobilizações. Em ambos os casos não nos enganamos, assim como não estávamos enganados em relação ao surgimento, hoje em dia, de um espaço político para construir um partido comunista digno deste nome.

Depois de tanto trabalho…
Após a ruptura com a Rifondazione Comunista, o grupo Progetto Comunista soube conciliar duas exigências: de um lado, a realização da propaganda pública de nosso apelo à construção de um novo partido (apresentações públicas em todas as cidades, assembléias, conferências e edição de materiais.) e, por outro, a construção imediata da oposição de classe ao governo Prodi, com a participação ativa em todas mobilizações e lutas que, caída a ilusão das maiorias em um governo supostamente melhor que o antecessor, se desenvolveram durante estes meses.

Por isso, as adesões mais significativas ao nosso projeto vêm da parte dos trabalhadores empenhados na batalha contra a patronal e a burocracia sindical, dos ativistas sindicais, dos representantes dos movimentos de luta dos setores mais explorados da classe operária, com os imigrantes em primeiro lugar.

…se colhem os frutos
Os resultados foram, para todos nós, animadores. Apesar das muitas dificuldades que encontramos, nos dias 5, 6 e 7 de janeiro, na cidade de Rimini (Itália), nasceu o Partido da Alternativa Comunista (Pd’AC). Em uma sala impregnada de participação, tanto de delegados como de convidados, a discussão foi intensa e “verdadeira”, como a definiu de maneira eficaz o companheiro Bachu, porta-voz do Comitê Imigrante da Itália presente ao congresso.

ais trabalho pela frente!
O nascimento do Pd’AC é somente o início de um percurso político: agora se trata de reforçar o partido para torná-lo um pólo de referência para os movimentos de luta que irão nascer nos próximos meses. As intenções do governo Prodi em enfrentar os trabalhadores são, até agora, claríssimas: quanto mais ataques pesarem nos confrontos com os trabalhadores, tanto mais necessário será construir a oposição de classe a este governo, que goza do fiel apoio do Rifundazione e pode lançar mão da carta da conciliação.

Não estaremos só esperando: construiremos o partido na luta. A tarefa que nos cabe é árdua e ambiciosa, mas temos a força de uma convicção para sustentá-la: somente a revolução socialista mundial poderá libertar a humanidade da exploração do trabalho e de todas as outras opressões, da guerra e da catástrofe ambiental.

“Fortalecer a reconstrução da Quarta International”
Leia a entrevista com Zé Maria, presidente do PSTU, que acompanhou o congresso:

Opinião Socialista – Qual a sua impressão sobre o congresso e a sua importância?

Zé Maria – Foi um congresso histórico e sua importância não se restringe à situação política da Itália. Fundou uma nova organização revolucionária na Itália, já integrada ao projeto de construção de uma Internacional. Isto tem em si uma importância grande, pois é um comportamento raro hoje em dia, mesmo em setores que se reivindicam da tradição trotskista. Destaco particularmente a importância que se deu em construir o novo partido nos marcos de uma Internacional, fortalecendo a construção de uma internacional revolucionária que resgate as tradições da IV Internacional. Tudo isto, na situação política que vive a Itália, com um governo de frente popular, indica boas perspectivas para o crescimento desse partido.

Qual a situação atual do partido? Quantos são e onde se concentra sua militância?

ZM – É um partido que nasce com um contingente bastante importante, em se tratando da natureza de partidos como os nossos na atual situação política. Têm cerca de 200 militantes, com intervenção em vários setores (metalúrgicos, professores, portuários, juventude, aeroviários, etc). Estão também iniciando um trabalho com muito potencial junto aos trabalhadores imigrantes.

Post author Fabiana stefanoni, da redação do Jornal Progetto Comunista*
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