Na última terça-feira, dia 11 de agosto, o povo hondurenho saiu novamente às ruas numa jornada de resistência contra o golpe militar. Mobilizações de massa concentraram-se nas cidades de San Pedro Sula e Tegucigalpa onde confluíram caminhadas vindas de todo o país.

Em Tegucigalpa, desde as 9h, concentrações foram iniciadas a pouco mais de uma quadra da casa presidencial, que se encontra totalmente cercada por militares – o que se tornou habitual desde o golpe de Estado. Ao longo da manhã, foram chegando as marchas vindas de departamentos como Olancho e Comayagua.

Governo golpista reprime manifestações e intervém em Universidade
A tarde, por volta das 14h30, os milhares de hondurenhos e hondurenhas que faziam parte da nova jornada de luta começaram a se dirigir para a Universidade Pedagógica Nacional Francisco Morazán (UPNFM), onde iriam ser alojados os marchantes dos departamentos distantes da capital, além de organizar uma assembleia da Frente de Resistência ao Golpe. No entanto, enquanto a marcha avançava, dois policiais se lançaram contra um jovens, disparando e ferindo sua perna. Em seguida, foi desatada uma repressão da Polícia Nacional e do Exército sobre os manifestantes.

Como reação à agressão, um grupo grande de manifestantes tentou segurar um dos policiais enquanto este se escondia num ônibus da zona metropolitana. Mas o motorista do ônibus não permitiu a entrada dos manifestantes, que atearam fogo ao veículo em meio a uma grande frustração e raiva produzida pela vil repressão.

Minutos depois, em circunstâncias pouco claras até o momento, um restaurante de propriedade de apoiador golpista foi incendiado. O que se seguiu foi uma violenta repressão. Policiais entraram à força na Universidade Pedagógica, onde se encontravam alojados milhares de manifestantes que se preparavam para passar a noite.

As forças repressivas lançaram uma grande quantidade de gás lacrimogêneo contra a universidade e bloquearam o seu acesso, obrigando que ela fosse desocupada enquanto desatavam uma brutal caçada pelas principais ruas da região. Aproveitando-se do cansaço dos manifestantes e do desconhecimento da cidade daqueles que vieram do interior do país, os militares prenderam um número indeterminado de pessoas, que se encontram detidos em diferentes delegacias ou estão desaparecidos.

Dentro da lista de desaparecidos encontram-se dois estudantes universitários. A Frente Nacional de Resistência responsabiliza o governo golpista e às Forças Armadas pelo desaparecimento, tortura ou assassinato a que eventualmente foram submetidos os manifestantes detidos arbitrariamente.

Golpistas tentam fechar meios de comunicação para silenciar a repressão
Ao meio dia foi lido um comunicado da Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel) que anunciava a suspensão do sinal de Rádio Globo e Cholusat Sur, dois dos poucos meios que ainda têm divulgado as ações de resistência e as medidas repressivas do governo golpista. Esperam-se medidas similares contra a Telesur, tirada do ar a nível nacional, mas que ainda não foi impedida de transmitir seu sinal para fora do país.

Mais mobilizações
Para a quarta-feira, 12 de agosto, espera-se novas mobilizações em San Pedro Sula e Tegucigalpa, apesar da repressão do governo golpista e do novo estado de sitio decretado nesta última cidade. Sob o grito “adiante, a luta do povo é constante”, os hondurenhos desafiam uma vez mais ao governo golpista e sua camarilha militar-empresarial.