A campanha internacional em defesa da readmissão dos diretores do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC pela oposição, Rogério Romancini, o Rogerinho, e Biro-Biro, cresce e ganha força em todo o país, recebendo também o apoio de entidades e organizações de outros países. Após o lançamento de uma moção de apoio aos demitidos e em repúdio à Volkswagen, a oposição realizou um ato público no dia 6 de março e prevê uma série de mobilizações até a reintegração dos metalúrgicos.
O diretor sindical Rogerinho foi demitido no dia 16 de fevereiro, em plena sexta-feira de Carnaval. Sua demissão foi um duro ataque da Volkswagen ao direito de organização dos trabalhadores. Já Biro-Biro foi demitido no ano passado, mesmo estando lesionado. O Opinião Socialista conversou com Rogerinho, que falou sobre a campanha em defesa da livre organização sindical e contra os ataques da empresa.

Opinião Socialista – Como está a campanha pela sua readmissão e a do companheiro Biro-Biro?

Rogerinho -A campanha está crescendo, já chegaram declarações de apoio desde deputados do Congresso Nacional até entidades sindicais, estudantis e do movimento popular. Moções de apoio de vários estados e até de outros países começam a chegar e pessoas individuais também, através do site do PSTU ou da Conlutas, vêm chegando bastante mensagens.

Opinião – Como foi a sua demissão?

Rogerinho – A demissão ocorreu às dez e meia da noite de sexta do Carnaval. A gente até brincou dizendo que, enquanto a Tom Maior (escola de samba de São Paulo) entrava para desfilar contando a história dos metalúrgicos do ABC, diretores do sindicato estavam sendo demitidos pela Volkswagen. O argumento foi que eu estava incluído no PDI, independente de ser diretor do sindicato ou não. Isso ocorreu porque a oposição tem tido o papel de denunciar todos os ataques que o acordo já continha e ainda contém, com demissões, retirada de direitos, ou seja, uma série de ataques que os trabalhadores estão sofrendo.

Opinião – Essa demissão não é um fato isolado, mas se dá no marco de aumento da repressão contra os trabalhadores dentro da fábrica. Fale um pouco sobre isso.

Rogerinho – Exato. O acordo sobre a reestruturação mundial provoca isso, inclusive com fusões. A área de caminhões da Volks está neste processo e será transformada, junto com a Scania e a Man alemã, na maior empresa de caminhões do mundo. E o grupo Volkswagen vem aumentando as demissões. Teve companheiros da Espanha, Bélgica e da própria Alemanha, que fizeram greves, além de vários outros países. No ano passado e este ano segue esse processo. Continuando os ataques, além das demissões, esta semana na Ala 14, área em que eu trabalhava, a direção da empresa cortou o horário que os companheiros tinham para ir ao banheiro depois da janta. O sindicato esteve ontem na fábrica, mas ao mesmo tempo a empresa disse que “se quisesse, que parasse a linha então”, e o sindicato não parou. Isso é uma medida que continha no acordo, porque o sindicato e a comissão se comprometeram a reduzir o tempo de fabricação de um carro, como são apenas cinco minutos de café, esse tempo entrou como parte da negociação.

Opinião – Este mais recente ataque à oposição se dá num contexto de crescimento dela dentro da fábrica.

Rogerinho – Sim, na eleição passada da comissão, em 2003, tivemos 43% do total de votos na fábrica e a situação teve 53%. Na eleição do Comitê Sindical, para a diretoria do sindicato, fomos eleitos e obtivemos 37%. Após o acordo, o desgaste da atual direção foi muito grande. E em maio haverá outra eleição da Comissão de Fábrica. Então, foi um golpe da empresa aos membros da comissão e do comitê que resistem e lutam aos ataques dela.

Opinião – Qual vem sendo a posição do sindicato diante das demissões?

Rogerinho – Nós estamos chamando eles. Fizemos uma carta pedindo um ato unificado, a publicação no jornal da entidade e uma reunião oficial com a empresa. Eles não haviam dado resposta, então nós tomamos a primeira iniciativa que foi fazer um ato no último dia 6, com mais de 20 entidades presentes. A repercussão foi boa entre os trabalhadores na fábrica e, na seqüência, tentamos montar um acampamento às 5 horas da manhã, mas a empresa veio com toda a força, com seguranças e a polícia. Então, estamos fazendo esse debate com o sindicato, para a entidade divulgar a campanha no jornal e participar conosco de um ato unificado, com a presença dos parlamentares que assinaram a moção de repúdio à nossa demissão e com entidades sindicais e dos movimentos populares.

,b.Opinião – Quais os próximos passos da campanha?

Rogerinho – Devemos retomar o acampamento na manhã desta terça-feira. A empresa devia estar preocupada com a visita do chefe de Estado alemão ao país na semana passada e por isso reprimiu nossa manifestação [a repressão da empresa se deu durante a visita do presidente alemão Horst Köhler ao Brasil]. Também faremos um ato político com as entidades e parlamentares que assinaram a moção de repúdio.

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