Existe um debate que, aos poucos, vai chegando aos ativistas do país sobre a reforma Sindical e Trabalhista.

De um lado, temos uma campanha de marketing, apoiada pela mídia, mostrando que o governo, a CUT e a Força Sindical estão empenhados em acabar com os pelegos dos sindicatos de papel.

De outro, temos a Conlutas e outras forças do sindicalismo, desmentindo o governo, mostrando que a reforma vai criar os superpelegos da CUT e da Força, atacar o direito de greve e buscar acabar com direitos dos trabalhadores.

A campanha governista não resiste a nenhuma discussão democrática em qualquer assembléia de trabalhadores. Como não tem argumentos para sustentar o insustentável, inventa mentiras. O jornal do sindicato dos metalúrgicos do ABC, dirigido pela Articulação, diz que a grande burguesia do país estaria contra a reforma Sindical, e, por isso, a Conlutas estaria junto com eles.

Vamos lembrar que reforma foi preparada pelo Fórum Nacional do Trabalho, criado pelo governo, que conta com os principais empresários do país e as direções da CUT e Força Sindical. A reforma é, portanto, uma proposta conjunta do governo, burguesia e centrais.

Qualquer investigação séria deve perguntar-se a quem a reforma beneficia? A quem interessa a restrição ao direito de greve, a contratação legal de fura-greves e o fim das férias e do 130 salário? Qualquer ativista honesto pode responder essa pergunta.

O acordo entre as centrais e os empresários em relação à reforma não significa que não existam diferenças táticas entre eles. Entre aliados também há diferenças. Por exemplo, hoje o PT e o PP (de Maluf e Severino), estão no mesmo governo. Há, porém, diferenças entre eles. Em várias cidades, eles apresentam candidatos diferentes às eleições.

Entre a burguesia e a direção da CUT existem duas diferenças. A primeira é que o governo quer primeiro fazer a reforma Sindical, e depois a Trabalhista. Prevendo que haverá resistências à reforma Trabalhista, o governo e a CUT querem ter o controle absoluto sobre o movimento, para depois entrar com a reforma Trabalhista. A burguesia desconfia da disposição de Lula para implementar a reforma Trabalhista em um ano eleitoral. Por isso, quer fazê-las conjuntamente.

Lula, entretanto, já disse que vai acabar com o 130. A diferença entre eles, portanto, é tática, de quando fazer a reforma, e não sobre o seu conteúdo.

A segunda diferença é que a reforma Sindical permite a existência de alguma forma de organização de base, pela reedição das Juntas de Conciliação Prévia, que servem aos patrões para chegar a acordos extorsivos aos interesses dos trabalhadores, antes deles recorrerem à Justiça. Isso, porém, poderá ser utilizado pelo movimento sindical, da mesma forma como as Cipas que em algumas fábricas fazem muito mais que a prevenção de acidentes de trabalho. Por isso, a burguesia não quer esse tipo de organização. A CUT, por outro lado, utiliza essa organização limitadíssima de base como a cereja que enfeitará o bolo envenenado da reforma, fazendo os ativistas aceitarem esse retrocesso.

Essas diferenças entre a burguesia e as centrais não escondem o grande acordo existente entre eles em torno da reforma. A patronal vai pressionar para conseguir mais vantagens nas negociações parlamentares. Os partidos burgueses, como o PFL e o PSDB, vão votar a favor da reforma, assim como o PT.

Tudo isso é apenas mais uma mentira de pernas muito curtas da direção da CUT, insustentável em qualquer debate sério.

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