O que sobrou da esquerda petista pode estar neste momento enfrentando mais uma crise.

Vários motivos deveriam incomodar essas correntes. O primeiro e mais importante é o programa aplicado por seu partido no governo federal, ainda mais fiel às imposições do FMI que o governo FHC.

O segundo deveria ser o comportamento do PT nestas eleições, com campanhas riquíssimas, pagas com dinheiro vindo de grandes empresas e diretamente da corrupção. Além disso, aliados com todos os setores da direita, cujo símbolo maior neste segundo turno é o acordo com Maluf em São Paulo. Maluf representa o que há de pior na política brasileira, um burguês corrupto que cresceu à sombra da ditadura militar. Segundo anuncia a imprensa, o apoio de Maluf foi negociado em troca de sua impunidade nos processos em que está envolvido, e na ampliação da participação de seu partido nos cargos do governo federal.

O que é espantoso é que nem um, nem outro motivo provoquem escândalos por parte da esquerda petista. Já estão acostumados e acomodados a essas práticas, e as repetem quando estão em cargos executivos, como nas prefeituras.

A crise de que falamos pode vir exatamente desse lado. A possibilidade de derrota eleitoral em Porto Alegre e Belém, duas prefeituras dirigidas pela esquerda petista podem ser duros golpes para a esquerda domesticada, tão acostumada aos cargos como a maioria da direção do PT. A possível eleição em Fortaleza nem de longe repõe as perdas dessas possíveis derrotas. Pode ser que exista uma virada e o PT termine ganhando essas eleições. Mas o sono dessa gente deve estar muito difícil.

Essas correntes se acostumaram com as vantagens eleitorais de se manter no PT, apesar de terem de justificar a todo o momento para sua base por que permanecer em um partido que impõe a política do FMI.

Agora poderão ter de conviver com um golpe ainda mais duro: depois de perder os princípios, perder os cargos. Tentaram explicar todas as capitulações à direção do PT para “estar junto das massas”, e agora podem ver seu espaço (leia-se, seus aparatos) diminuir nas principais cidades do país junto com o da maioria do PT.

Nós esperamos que os ativistas honestos que existem na base encarem esta crise, que está se abrindo, para tirar conclusões profundas sobre a adaptação à democracia burguesa como a origem da decadência dessas correntes.

Post author
Publication Date