Na visita de Chávez ao Brasil, Lula aproveita para elogiar política do venezuelano diante da crise com a ColômbiaLula afirmou que Chávez foi o maior responsável pelo acordo que encerrou o impasse diplomático entre Colômbia e Equador na OEA (Organização dos Estados Americanos). “Quem foi o grande pacificador do conflito Colômbia e Equador? Foi exatamente o presidente Chávez”, declarou.

Embora tenha realizado discursos supostamente “antiimperialistas”, todo o episódio mostrou os limites da política chavista. A crise começou com uma provocação de Uribe atacando guerrilheiros das Farc com bombardeios no Equador e terminou com um tapainha nas costas e apertos de mãos entre os presidentes da Venezuela e da Colômbia. Mesmo sabendo que o imperialismo estava por trás do conflito, em nenhum momento Chávez pensou em expropriar as multinacionais norte-americanas que exploram seu país.

No final, tanto Lula quanto Chávez e Uribe foram favoráveis a um acordo obscuro que reitera o “compromisso de combater as ameaças (…) provenientes da ação de grupos ilegais ou de organizações criminais”, ou seja, os países signatários do acordo se comprometem a reprimir as Farc. Algo que já pôde ser visto dias depois do acordo, quando exército do Equador prendeu guerrilheiros das Farc.

Acordo petrolífero
Lula e também fecharam um acordo entre a Petrobras e a PDVSA, estatais petrolíferas, que estabelece as bases para a sociedade das duas empresas na refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

O acordo determina os termos da constituição da sociedade, inclusive participação acionária, definida em 60% da Petrobras e 40% da PDVSA. A Refinaria Abreu e Lima terá um investimento de US$ 4,05 bilhões e capacidade para processar 200 mil barris de petróleo pesado por dia, 50% do Brasil e 50% da Venezuela. O início de operação da refinaria está previsto para o segundo semestre de 2010.

A obra é uma das prioridades do governo Lula no Nordeste. Evidentemente, ambos os presidentes nem mencionaram as condições de superexploração a que são submetidos os trabalhadores da obra.

Operários que trabalham nas obras de terraplenagem da Refinaria Abreu e Lima já fizeram uma greve no final de janeiro. Eles protestaram pela melhoria de salários e nas condições de trabalho. O consórcio de empresas contratado para as obras não estaria pagando as horas-extras, adicional noturno, além de atrasar os salários e fazer descontos indevidos nos contracheques.

Denúncias afirmavam que os trabalhadores estavam se alimentando com comida estragada e estaria sofrendo maus tratos de supervisores e chefes que chamam os trabalhadores de “cachorros”.

O consórcio responsável pela obra (formado pela Odebrecht, Camargo Corrêa, Galvão Engenharia e Queiroz Galvão) já demitiu vários operários que protestaram contra a situação.