Em entrevista à Folha de S. Paulo em 18 de novembro, a ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), afirmou que dentre as principais políticas para combater a “sutileza do racismo” brasileiro estão “incentivos para o setor privado”, aliados a políticas sociais como o Bolsa-Família. A declaração dá a exata dimensão das políticas raciais do governo Lula.
Presas à lógica neoliberal e submetidas aos interesses dos novos “companheiros” de Lula (a patronal, os banqueiros e o imperialismo internacional), todas as políticas raciais de Lula são mais que engodos – são verdadeiros ataques.

É o caso do Prouni. Com o dinheiro para o projeto de compra de vagas e isenção de impostos para os donos de escolas privadas (cerca de R$ 900 milhões), Lula poderia dobrar o número de vagas nas universidades federais e promover uma verdadeira política de cotas, com bolsas para garantir a permanência dos estudantes. Mas o que está sendo feito é o oposto.

Inserido na reforma universitária, o Prouni tem um viés elitista e racista: jogar negros e “carentes” em escolas sem qualidade, ajudando seus donos a rechear ainda mais o bolso.

No mercado de trabalho, a história é ainda pior. A reforma da Previdência significou um ataque a todos os trabalhadores, mas atingiu com mais força aqueles que nunca tiveram acesso ao sistema, caso da maioria dos negros.

O mesmo pode ser dito sobre a reforma trabalhista, que está sendo antecipada por meio do Supersimples. O projeto desobriga as micro e pequenas empresas a respeitar direitos básicos, como pagar salários em dia, décimo-terceiro e convênios médicos.
Se implementado, o Supersimples irá atingir mais de 90% das empresas do país e cerca de 60% dos trabalhadores empregados, os quais, como os números do próprio governo indicam, são na maioria negros e negras.

Se isso não bastasse, ao enviar tropas para ocupar o Haiti com objetivo de agradar seu amigo Bush e ganhar pontos com o imperialismo, Lula comete um dos maiores crimes contra a história dos negros. Afinal, a terra ocupada pelos soldados brasileiros e o povo contra qual eles estão atirando são mais do que símbolos da luta contra a opressão racista e colonial. São testemunhos da instalação da primeira república negra americana, conquistada em 1804 após um intenso processo de lutas.

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