A campanha salarial dos bancários tem deixado evidente o papel do governo Lula, da CUT e dos seus sindicatos. Os banqueiros nunca ganharam tanto como no governo Lula. O lucro médio dos bancos aumenta 35% em média por ano. Isso se dá principalmente pela cobrança de tarifas e pelas altas taxas de juros. Para garantir esse lucro, os banqueiros se negam a implementar uma política que reponha as perdas salariais dos bancários. Apresentam um índice de reajuste extremamente baixo, de 6,0%, e mantêm um permanente assédio moral aos trabalhadores para forçar um aumento no ritmo do trabalho.


Ainda no sentido de aumentar a lucratividade do setor, os bancos passarão por uma nova onda de fusões. O Santander anunciará oficialmente a compra do Real e vai se tornar o segundo maior banco no Brasil. Em reunião com a diretoria do Sindicato dos Bancários de São Paulo ocorrida em Madrid, o Santander informou que a fusão resultará na demissão de 24 mil a 19 mil trabalhadores no mundo, sendo 5 mil em São Paulo. A diretoria não informou a categoria sobre a reunião e não faz nenhuma campanha de resistência a esse ataque. Sequer cobra de Lula que ratifique a convenção 158 da OIT que proíbe demissões imotivadas, que preservaria o emprego desses trabalhadores.

O governo Lula, além de nada fazer para evitar as demissões, também entrou na onda das incorporações no sistema financeiro. Nesta semana, o Banco do Brasil anunciará em cerimônia com a presença de Lula a incorporação do BESC (Banco do Estado de Santa Catarina). Apesar da diretoria do BB não dizer, isso significará uma redução de postos de trabalho no BESC e no BB. O Banco do Brasil também anunciou que tem interesse em incorporar o BRB (Banco de Brasília) e o banco estadual do Piauí. A Nossa Caixa também vive a ameaça de ser incorporada pelo BB ou ser vendida a algum banco privado. Isso demonstra que a lógica dos governos Lula e Serra é a mesma dos banqueiros: crescer o lucro dos bancos, aumentando os ataques aos trabalhadores.

Pauta rebaixada
A política dos sindicatos cutistas, por sua vez, tem sido evitar ao máximo que os trabalhadores resistam aos ataques e conquistem vitórias na campanha salarial. Construiu uma pauta extremamente rebaixada, não permite democracia nas assembléias com a base escolhendo no voto quem deve negociar por ela, e esconde o governo ao não permitir mesa separada para o Banco do Brasil e CEF. Em São Paulo essa política fica evidente: o sindicato fez a primeira assembléia da campanha salarial apenas no dia 27 de setembro e, mesmo assim, uma assembléia extremamente burocratizada.

Paralisação
Mas na última semana, os bancários demonstraram que não aceitam a tutela da CUT e os ataques do governo e dos banqueiros. Em Brasília, o sindicato da CUT defendeu greve somente em alguns locais e não queria votar paralisação de 24h. Mas a base obrigou o sindicato a colocar em votação e aprovou a paralisação. O resultado foi uma paralisação muito importante na sede do BB e da CEF. No Rio de Janeiro, a base da CEF não quis esperar a outra semana e já entrou em greve por tempo indeterminado. No Rio Grande do Norte e Bauru, com sindicatos ligados à Conlutas, a paralisação foi forte inclusive em privados.

A CUT, depois de implorar muito aos banqueiros, conseguiu um índice de 6%, valor muito pequeno perto do lucro dos bancos e das perdas salariais.
Por isso, a Oposição Bancária defende a greve por tempo indeterminado nas assembléias da categoria. Também é preciso aprovar nas assembléias a criação de comandos de greve formados pela base. Para os bancários, está cada vez mais nítido que indo à luta ela pode derrotar os banqueiros, o governo e os sindicatos governistas.

Post author Bento Damasceno Ferreira, de São Paulo (SP)
Publication Date