Diante do grande crescimento da Conlutas no último período, uma pergunta é muito comum: o que garante que a entidade não seguirá o mesmo caminho da CUT? Em outras palavras, o que garante que ela não se voltará no futuro contra esses mesmos trabalhadores e trabalhadoras que dão hoje o sangue para construí-la?

Essa justa preocupação é o ponto de partida do livro “Os sindicatos e a luta contra a burocratização”, de José Maria de Almeida, o Zé Maria. Para respondê-la, o dirigente da Federação Democrática dos Metalúrgicos de Minas Gerais começa analisando o que levou a CUT a se tornar o que é hoje. Nascida de uma grande efervescência social, cuja expressão mais consolidada foram os sindicatos mais combativos da época, a CUT não conseguiu destruir a velha estrutura sindical herdada do getulismo.

Sindicalismo pelego
De forma didática, Zé Maria mostra como Getúlio Vargas, ainda antes da metade do século passado, conseguiu destruir o movimento sindical combativo da época. O presidente colocou em seu lugar uma estrutura que, se por um lado incorporava importantes conquistas do movimento operário, por outro fazia com que os sindicatos se afastassem dos trabalhadores e se aproximassem dos patrões e do Estado. Esse modelo, aliado a uma forte repressão policial, conseguiu durante muito tempo evitar o desenvolvimento das lutas sindicais no Brasil.

Os sindicatos, que poderiam e deveriam ser escolas de luta política dos operários, como ocorreu em diversos países da Europa, não passavam de instrumentos de conciliação de classe. Ao invés de avançarem a luta, eram um freio; ao invés de organizar na luta para conseguir cada vez mais, faziam com que os trabalhadores se contentassem com o que obtinham nas mobilizações.

Os anos que precederam a década de 1980 foram combativos. Dois fatos bastam para mostrar como o mundo na época estava diante de uma revolução. O primeiro foram as mobilizações mundiais iniciadas com o Maio de 68 francês, que desmontaram a aparente paz social “existente” desde o final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O segundo foi a vitória do movimento pacifista contra a Guerra do Vietnã (1965-1975). De um só golpe, os trabalhadores viram que não somente era possível destruir o capitalismo e barrar a barbárie da guerra, como essa luta estava na ordem do dia. Os reflexos dessa efervescência chegaram ao Brasil no começo da década de 1980, com a fundação da CUT em oposição ao sindicalismo “pelego” de então e a fundação do Partido dos Trabalhadores (PT) contra a política colaboracionista dos partidos comunistas.

Manutenção da velha estrutura
A CUT e o PT nasceram como uma alternativa de direção, porém a estrutura sindical não foi alterada. E não houve mudança porque havia uma política consciente dos setores hegemônicos nessas duas organizações, que não estavam interessados nisso. Foi o caso de Lula, então presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo. Como não houve revolução na estrutura dos sindicatos, a conquista da criação de uma nova central sindical se perdeu. Hoje a CUT consegue ser ainda pior que as centrais “pelegas” da época.

Zé Maria identifica esse problema e vai além, ao lançar bases programáticas para a discussão de uma nova forma de fazer sindicalismo. Não se trata de dispensar uma direção, mas é preciso que a base controle de perto sua atuação. Não se trata de abandonar as conquistas que permitem aos dirigentes sindicais se preparar para a luta, como a liberação do local de trabalho, mas de fazer com que eles estudem e se preparem para mobilizar os trabalhadores da base para que lutem por seus direitos.

Mais ainda, trata-se de lutar por conquistas econômicas parciais como mais empregos, melhores salários e condições mais dignas. Por fim, o livro trata de algo mais amplo: lutar pelo socialismo.

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Editora Sundermann lança coleção de livros de bolso

Da redação

A Editora Sundermann está reformulando seu catálogo e acaba de lançar a “Coleção 10”. São livros em formato de bolso e com preços acessíveis. Tal formato permite que todos os tipos de leitores tomem contato com textos raramente publicados pelas grandes editoras.

Após o livro de Zé Maria, serão publicados mais quatro títulos. O primeiro, “Chávez levará a Venezuela ao socialismo?”, de Alejandro Iturbe. O autor, dirigente da LIT, polemiza com a tendência crescente na esquerda brasileira e latino-americana de identificar Hugo Chávez como o novo referencial socialista. Iturbe mostra como essa figura é contraditória e expõe as tarefas que os socialistas dever assumir.

Outro texto é “Autobiografia de uma mulher comunista sexualmente emancipada”, da revolucionária comunista russa Alexandra Kollontai. Neste pequeno livro, a histórica militante defende que a luta contra a opressão da mulher é contra o capitalismo. E também que a luta contra o capitalismo é contra a opressão da mulher.

Na seqüência, será publicado o livro “Homossexualidade: da opressão à libertação”, documento programático fundacional da Secretaria GLBT da Convergência Socialista e posteriormente do PSTU.

Por fim, “O Oriente Médio na perspectiva marxista” reedita artigos teóricos e históricos sobre o conflito na região, analisando a origem do Estado de Israel, a história do Islã e as perspectivas políticas.

Futuramente serão lançados livros como o “Manifesto comunista”, de Marx e Engels, uma coletânea de textos clássicos marxistas sobre os sindicatos, uma história da corrente morenista no Brasil e outros.

Com a “Coleção 10“, a Editora Sundermann busca tornar mais acessíveis textos programáticos ou importantes para a formação política dos militantes socialistas brasileiros. O objetivo é que os livros sejam o mais barato possível. A editora incentiva também a compra em lotes por entidades e organizações, como forma de baratear ainda mais o preço.

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