A concepção leninista de internacionalismo proletário é uma das maiores contribuições ao marxismo revolucionário. Em 1920, durante o 2º Congresso da Internacional Comunista, Lenin expunha suas elaborações sobre o tema: “Qual é a idéia mais importanteDe forma geral, poderíamos dizer que a concepção leninista de internacionalismo proletário abarca os seguinte pontos:
Os grandes monopólios de cada país recorrem ao poder do seu próprio Estado para defender seus interesses econômicos. Isso leva a uma luta mais ou menos aberta entre os países imperialistas por novos mercados e pela redistribuição das velhas colônias. A violência contra os países coloniais e as guerras são a conseqüência lógica dessa realidade.
Qualquer organismo internacional, supostamente neutro, criado pelas nações imperialistas, nada mais é do que um instrumento para enganar as massas dos países explorados. Lenin chamava esse tipo de organização de antro de bandidos. Passados oitenta anos, o apoio descarado da ONU à ocupação do Iraque demonstra a veracidade da análise leninista. A verdadeira igualdade entre as nações só será possível sob o regime da ditadura mundial do proletariado.
Em alguns casos, separa em territórios diferentes um mesmo povo (por exemplo, os curdos que estão espalhados por vários países do Oriente Médio) ou, o que é outra face da mesma política, impede que as nações pequenas possam ser independentes das grandes nações (por exemplo, os bascos e os galegos que vivem sob o jugo da dominação espanhola). Como parte da luta contra o imperialismo, o proletariado defende o direito à autodeterminação dos povos, inclusive à sua separação e independência.
Não existe força mais reacionária e mais destruidora do que o imperialismo. Independentemente de suas vestes democráticas, o imperialismo é sempre a ditadura dos monopólios. Em caso de enfrentamento entre uma nação imperialista e uma nação colonial ou semi colonial, o proletariado se posicionará (independentemente de quem tenha atacado primeiro) pela vitória da nação oprimida e pela derrota do imperialismo, não importando o quão democrático for esse imperialismo e quão ditatorial for o regime da nação oprimida. A derrota do imperialismo em qualquer conflito será sempre uma vitória do proletariado mundial.
Mesmo tomado o poder de Estado, o proletariado não poderá construir o socialismo de forma isolada em um só país, por mais desenvolvido que seja. A restauração do capitalismo na ex-URSS demonstra com total exatidão esta tese leninista. A ditadura do proletariado pode somente criar as condições necessárias para a construção do socialismo (expropriar a burguesia, desenvolver a indústria etc), mas não pode criar o próprio socialismo pelo fato de que a burguesia mundial continuará firme e forte, podendo a qualquer momento invadir militarmente ou conspirar contra a nação proletária pela volta ao poder da burguesia.
Somente esse tipo de união poderá acabar com a desconfiança das nações menores com relação às maiores. O proletariado dos grandes países avançados conquistará aos poucos a confiança do proletariado das nações menores. Isso é assim porque a opressão de uma nação sobre a outra envolve fatores culturais e históricos que não se resolvem pela simples tomada do poder, mas sim por uma política consciente de construir condições de igualdade entre as várias nações proletárias. Nesse período de transição, a federação livre (ou seja, a independência de uma nação com relação a outra) é ainda a melhor forma de integração internacional.
Nessa luta, seus aliados fundamentais são as massas camponesas e a pequena burguesia empobrecida e não a burguesia nacional supostamente patriótica ou progressista. Essa tese fundamental da concepção leninista foi totalmente prostituída pelo stalinismo que tinha como política permanente o apoio incondicional às burguesias coloniais e semi coloniais por seu suposto caráter anti-imperialista. Hoje em dia, essa mesma deturpação stalinista é revivida no Brasil por várias organizações de esquerda que insistem em apoiar os setores produtivos da burguesia (supostamente patrióticos), opondo-os artificialmente aos setores especulativo-financeiros.
Lutará contra as guerras reacionárias de rapina e apoiará as guerras revolucionárias e anti-imperialistas. De nada serve ao proletariado uma reivindicação de paz que não leve em conta o caráter da guerra em curso. Por exemplo, a missão das tropas brasileiras no Haiti é justamente garantir a paz, mas uma paz muito especial: a paz entre o povo explorado e os monopólios, a paz da bota de guerra brasileira a serviço do imperialismo americano.
Ter como objetivo estratégico a revolução proletária mundial não significa deixar de lutar pela derrota da burguesia em cada país. Sem concentrar em suas mãos o poder de Estado, ou seja, sem a instauração da ditadura do proletariado em pelo menos algumas dezenas de países, a classe trabalhadora não poderá derrotar o imperialismo e a burguesia mundial. A revolução proletária em um determinado país é o palco inicial, o primeiro ato da revolução proletária mundial.
Seu trabalho incansável para construir um instrumento político mundial teve continuidade no esforço de Trotsky por fundar a IV Internacional em 1938.
Post author
Publication Date