Por mais de 20 anos, o PT foi o maior partido da esquerda brasileira. Nesse período, concentrou em torno de si uma enorme expectativa de mudança. Agora, tudo isso cai por terra, com a enxurrada de denúncias de corrupção e a amarga experiência que os trabalhadores e jovens deste país fizeram com o governo do PT.

A crise, entretanto, atinge também a democracia dos ricos e corruptos. Há um repúdio generalizado contra os políticos. O fim das ilusões com o PT transformou a grande esperança que havia em torno desse partido em frustração e ceticismo. É cada vez mais comum escutar nas ruas pessoas que dizem que “todos os partidos são iguais” ou que “não se metem mais em política”. Muitos acabam virando as costas para os partidos políticos e sindicatos e caem na mais completa paralisia. Em várias mobilizações, já é comum encontrar ativistas que não querem atuar com os partidos, por medo de serem manipulados, manobrados e, depois, traídos.

Eles têm razão em sua desconfiança. Mas o ceticismo não constrói nenhuma alternativa de luta para os trabalhadores, deixando o campo livre para que os mesmos partidos corruptos da burguesia fiquem no poder e nada mude. Se a crise atual for encaminhada simplesmente para as eleições de 2006, o mais provável é que a oposição burguesa, ou mesmo o PT, ganhem de novo e continuem a mesma política econômica e a mesma corrupção.

A única possibilidade de mudança é no terreno das lutas, indo às ruas contra a corrupção, a política econômica e as reformas neoliberais.

Se o ceticismo hoje é progressivo, por significar uma ruptura com o PT e um distanciamento com o regime democrático-burguês, pode se transformar em regressivo, se não levar à construção de uma nova alternativa perante o PT e a CUT.
Esse é o grande desafio que os trabalhadores e a juventude de nosso país têm diante de si.

Post author
Publication Date