?Eu acredito que se o teatro for autêntico, sincero, feito em grupo, respeitando a liberdade artística, com uma postura crítica em relação ao mundo e ao lado das grandes causas da humanidade, ele pode sim, mudar o mundo?No próximo dia 30, quinta-feira, o grupo de teatro Cena Livre estreia, em São Paulo, a peça “Luta Mulher Poética”. Encenado pelas atrizes Geisa Acioli, Marta Iracema e Rozanna Lázaro, o espetáculo traz poemas, canções e cenas que resgatam fortes personagens da dramaturgia, como Pelagueia Wlassova, da peça “A Mãe”, de Bertolt Brecht inspirada no romance homônimo de Máximo Gorki.

Além da ficção, nomes femininos transformaram a história das mulheres são apresentadas ao público e homenageadas, como a alemã Clara Zetkin, responsável pela instituição do Dia Internacional da Mulher, em 1910, que desde então é comemorado no mundo inteiro como um dia de luta das mulheres. Também estão presentes ativistas como a boliviana Domitila Barrios de Chungara e a brasileira Patrícia Galvão, a Pagu.

A estreia acontece às 20h, no Bar do ECLA (Espaço Cultural Latino-Americano), que fica na Rua Abolição, 244, no Bixiga, em São Paulo. O espetáculo também pode ser contratado por entidades dos movimentos sindical, estudantil e popular.

Cecília Toledo, criadora e diretora da peça, conversou com o Portal do PSTU sobre esse projeto que apresenta as mulheres como seres dispostos a lutar por sua emancipação.

Portal do PSTU – De onde surgiu a idéia do espetáculo?
Cecília – A ideia surgiu da necessidade urgente de denunciar uma situação que fica cada vez mais grave para as mulheres. Todo dia a gente vê na televisão, ouve no rádio, lê nos jornais que uma mulher acaba de ser espancada, queimada com gasolina, como ocorreu com a Maria da Penha, enfim, a violência contra as mulheres deu um salto enorme. Eu tenho uma compreensão de que a arte é uma linguagem muito legal para fazer as denúncias, para interessar as pessoas mesmo nesses temas mais complexos.

Eu não queria fazer uma peça triste, nem dramática ao extremo. Por isso, a peça tem música, poesia, dança. E o fundamental é que ela chama as mulheres a lutar, a enfrentar o problema, não ficar quieta, de braços cruzados. Por isso, mostramos um pouco a história das mulheres, grandes lutadoras e dirigentes socialistas que falaram diretamente para as mulheres trabalhadoras, e a luta das mulheres sempre foi fundamental, em alguns casos, chegou a ser decisiva para a ocorrência das grandes transformações históricas que tivemos.

O que você espera com a peça?
Cecília
– Queremos apresentar a peça para a classe trabalhadora e para a juventude estudantil. Queremos apresentar nos sindicatos e bairros, porque sabemos que milhões de mulheres pobres jamais viram uma peça de teatro na vida. Também queremos fazer debates, após a apresentação da peça, para despertar o interesse não apenas para a necessidade de enfrentar a violência, mas também sobre o teatro, queremos debater a necessidade de que todo sindicato tenha um teatro em sua sede. Bem, Luta Mulher Poética é apenas uma peça de teatro. Certa vez o grande teatrólogo alemão Bertolt Brecht fez uma pergunta: poderá o teatro mudar o mundo? Eu acredito que se o teatro for autêntico, sincero, feito em grupo, respeitando a liberdade artística, com uma postura crítica em relação ao mundo e ao lado das grandes causas da humanidade, ele pode sim, mudar o mundo.

FICHA TÉCNICA:
Criação e direção: Cecília Toledo
Elenco: Geisa Acioli, Marta Iracema e Rozanna Lázaro
Operação de Som: Pedro Cerdeira
Operação de Luz: Pedro Moura
Fotografia: Martin Garcia
Duração do espetáculo: 60 minutos
Faixa etária recomendada: a partir de 14 anos