Redação
Os trabalhadores dos Correios estão em greve, desde a noite da última segunda-feira, dia 17. A paralisação nacional é unitária entre todos os 36 sindicatos e a duas federações existentes na categoria. A unidade foi fundamental para que a greve tenha alcançado o alto grau de adesão dos trabalhadores. Cerca de 100 mil ecetistas estão paralisados.
Segundo a Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), mais de 70% da categoria aderiu à greve e novas unidades estão sendo paralisadas. O dia de hoje (19/08) foi marcado por atos e manifestações em frente às agências e centros de distribuições em todo o país. Em São Paulo, foi realizada uma grande manifestação com carros e motocicletas, que concentrou em frente ao estádio Pacaembu e percorreu várias ruas do centro da capital paulista.
“A greve está forte, de acordo com a expectativa que tínhamos, pois existe uma revolta na base. Isso já se expressou nas assembleias que definiram a greve. Foram grandes assembleias, tanto as virtuais como as presenciais. A adesão vem crescendo, já que a empresa não negocia e segue com os ataques aos nossos direitos”, informa Geraldinho Rodrigues, diretor da Fentect, membro da secretaria executiva nacional da CSP Conlutas e militante do PSTU.
O governo Bolsonaro e a direção da empresa, sob o comando do general Floriano Peixoto, desejam arrancar todos os direitos. A proposta de Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) extingue 70 cláusulas, das 79 presentes no acordo atual.
“É uma verdadeira destruição dos direitos da categoria. Até mesmo o vale alimentação foi retirado, assim como auxílio-creche, licença maternidade de 180 dias, ticket nas férias, o adicional de distribuição e coleta externa de 30%, pagamento de adicional noturno e horas extras, entre vários outros. Benefícios essenciais para a categoria que recebe um dos salários mais baixos das estatais, que não chega a dois salários mínimos”, ressalta Geraldinho.
O dirigente sindical também pontua que a greve é em defesa da vida, pois os ecetistas também cobram melhores condições de trabalho em meio à pandemia, que já matou 120 trabalhadores.
Não à privatização
A luta do ecetista é também contra a privatização dos Correios. Bolsonaro e seu ministro da Economia, o ultraliberal Paulo Guedes, nunca esconderam o desejo de entregar a soberania do Brasil com as vendas das empresas estatais, com destaque para os Correios. Nesta, Paulo Guedes é odiado devido à investigação da Polícia Federal que apura seu envolvimento em fraudes no fundo de pensão dos Correios, o Postalis.
Hoje, em meio à pandemia, crescem os faturamentos com o comércio eletrônico (e-commerce), aumentando exponencialmente os lucros de empresas de logística como a Amazon, Fedex, DHL, entre outras multinacionais gigantes deste segmento do mercado postal. O plano do governo genocida de Bolsonaro é favorecer estes bilionários entregando de bandeja o gigantesco capital logístico dos Correios.
“A nossa luta não visa apenas garantir direitos mínimos, mas acima de tudo a defesa de que os Correios sigam como empresa pública e seja colocada sob o controle dos trabalhadores, para que tenha uma atuação voltada aos interesses do povo brasileiro”, pontua Geraldinho Rodrigues.
Para o dirigente da Fentect a luta dos trabalhadores dos Correios é uma luta de toda a classe trabalhadora e do conjunto da sociedade. “É uma luta em defesa dos Correios, enquanto uma empresa pública e estatal. Os ataques hoje dirigidos contra nós, amanhã serão estendidos às outras categorias e empresas públicas. Daí a importância de unir todas as categorias em lutas para derrotarmos e colocarmos para fora Bolsonaro, Mourão, Floriano Peixoto e toda a corja deste governo lesa-pátria e inimigo dos trabalhadores”, concluiu Geraldinho.
Imagens da greve pelo Brasil
Rio de Janeiro/RJ
Feira de Santana/BA
Teresina/PI
São Paulo/SP
São Gonçalo/RJ
Guarulho/SP
Joinville/SC
Manaus/AM
Caruaru/PE