No momento em que escrevíamos esta matéria, a greve dos professores e agentes administrativos da capital cearense caminhava para completar um mês, sem perspectiva de solução. Maracanaú, cidade da região metropolitana de Fortaleza, vive uma forte paralisação dos educadores, com intervenção da Conlutas, demonstrando o aumento da disposição de luta da classe trabalhadora.

Depois das jornadas de 23 de maio, Fortaleza já não é a mesma. Abriu-se um novo cenário muito mais favorável às lutas da classe trabalhadora. De um lado, a greve de setores do funcionalismo federal (Ibama, Incra e servidores da UFC). De outro, paralisações de trabalhadores de empresas privadas, como os da Telemar, e dos servidores municipais. No último caso, esteve colocada a possibilidade de uma greve unificada da categoria para derrotar a prefeita Luizianne Lins (PT) e seus planos de ataque ao serviço público. Mas isso não ocorreu.

Na berlinda
Eleita com apoio massivo do movimento organizado e com a promessa de ser alguém diferente em meio à mesmice oportunista do PT, a prefeita tem sido desmascarada greve após greve. São três anos de administração e três anos de movimentos de paralisação, particularmente dos professores. A experiência tem levado os municipais a concordar com o que dizemos desde a campanha eleitoral de 2004: Luizianne “é mais do mesmo”, governa para os ricos e contra os trabalhadores.

Mundo virtual
Para justificar o arrocho salarial e um PCCS (Plano de Cargos, Carreira e Salários) com mais perdas do que ganhos, a frente popular em Fortaleza mente sem nenhuma vergonha para os servidores e a população. Mostra uma “Fortaleza bela” que só existe nos cartões postais e na publicidade milionária nos meios de comunicação. Trata-se de um mundo virtual. A resposta dos professores e agentes administrativos em greve tem sido aumentar a luta e denunciar as mentiras. O contra-ataque da prefeita e do presidente da Câmara – o famigerado Tin Gomes (PHS) – se manifesta na forma de spray de pimenta e cassetete. Como diz a imprensa reacionária, “na força, a lei”.

Por que não houve greve unificada?
Lamentavelmente as direções sindicais cutistas fizeram de tudo, em primeiro lugar, para não haver greve, e depois – com a inevitabilidade da paralisação – não economizaram esforços para evitar a unificação dos diversos setores do funcionalismo municipal (sem esquecer que a CUT abortou a campanha salarial dos servidores estaduais). A maioria da direção do Sindiute (corrente “O Trabalho”, do PT) gastou bastante energia para convencer o professorado de que o PCSS da prefeitura não era tão ruim. Depois procurou, a cada assembléia, fazer retroceder o movimento paredista. As poucas ações unitárias devem-se à minoria do Sindiute – ligada à Conlutas – e à extraordinária combatividade e auto-organização dos agentes administrativos. Será preciso aproveitar a experiência em curso, fortalecer uma direção alternativa entre os municipais e construir a Conlutas.

Post author Fábio José Queiroz, de Fortaleza (CE)
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