Nessa segunda-feira, 03 de abril, a prefeitura petista de Belo Horizonte e o governador Aécio Neves (PSDB) mostraram abertamente a quem estão servindo. Pela manhã, a Polícia Militar espancou e prendeu manifestantes em dois atos realizados pelos movimentos sociais mineiros, durante a reunião do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
A capital mineira está sediando a 47ª Reunião Anual de Governadores do BID, uma instituição multilateral de financiamento e a principal responsável por aplicar a política neoliberal do FMI na América Latina. Os governos municipal e estadual gastaram, juntos, mais de R$ 200 milhões para receber governantes, empresários e banqueiros. Verbas de projetos sociais e de serviços públicos básicos foram direcionadas para obras de reforma e asfaltamento de avenidas por onde os capitalistas passariam.
Protesto nas ruas
Para se contrapor ao encontro do BID, os movimentos sociais mineiros organizaram marchas, protestos e o 1º Encontro de Movimentos Sociais “Fora BID”, de 1º a 4 de abril. Fazem parte da organização o Comitê Mineiro do Fórum Social Mundial, a Via Campesina, a Conlutas, além de dezenas de organizações estudantis e populares.
No sábado, o encontro das marchas “Anti-BID” reuniu três mil pessoas na Praça Sete, centro da capital. Cerca de 1.500 trabalhadores da Via Campesina encontram-se acampados em frente à Assembléia Legislativa de Minas Gerais, onde estão representantes do BID e participantes da reunião. Todos os atos foram duramente reprimidos pela Polícia Militar, o braço armado do Estado na defesa dos interesses da burguesia. Desde sábado, os policiais fortemente armados agem para atacar qualquer iniciativa popular. Por diversas vezes, a população da cidade ficou ao lado dos manifestantes, ao perceber a truculência e a injustiça dos ataques policiais com cassetetes, balas de borracha e gás lacrimogêneo.
As piores cenas de repressão aconteceram no ato de ocupação da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), liderado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), com presença do MST, Conlutas, Conlute e DCE-UFMG. Ali, os manifestantes foram surpreendidos por um grande aparato policial. Mais de 30 pessoas ficaram feridas e três estão internadas em estado grave. O carro de som foi totalmente depredado e sete trabalhadores foram presos e espancados (entre eles um menor de idade). Como se não bastasse, os presos foram agredidos também na Delegacia de Crimes contra o Patrimônio Público onde continuam detidos, aguardando exame de corpo delito.
O Movimento “Anti-BID” preparou uma carta na qual denuncia todas essas agressões e atrocidades e exige a punição dos responsáveis.
O BID e sua política
O BID é uma instituição multilateral de financiamento que segue aplicando a política neoliberal recomendada pelo FMI. A prática é a mesma aqui e nos diversos países subdesenvolvidos do mundo: esses bancos concedem empréstimos aos governos e a projetos específicos, porém cobram que realizam medidas neoliberais.
O resultado dessas medidas o povo brasileiro conhece na prática: privatização de serviços e bens públicos, arrocho salarial, o corte de verbas públicas na saúde, educação e moradia, reformas que retiram direitos dos trabalhadores e do povo (como as reformas Trabalhista e Sindical propostas pelo governo Lula).
O Movimento de Atingidos por Barragens (MAB) denuncia também que milhares de famílias já foram desalojadas em projetos financiados pelo BID. É o caso de obras de duplicação de avenidas, da construção de usinas hidrelétricas e do esquecido Projeto Jaíba, lançado no início dos anos 90 e parcamente implementado até hoje. Segundo o movimento, as famílias recebem indenizações baixíssimas, em torno de R$ 5 mil.
Leia a o manifesto dos movimentos sociais contra a violência aos atos anti-BID