Ministro do Planejamento condiciona cumprimento dos acordos à retomada da economia.Sob pressão dos servidores, que reuniram em Brasília mais de quatro mil pessoas em manifestação nos dias 17 e 18 de março, o ministro do Planejamento convocou as entidades nacionais da categoria para uma reunião emergencial. Na verdade, Paulo Bernardo tentou apaziguar os ânimos dos servidores que protestavam na Esplanada dos Ministérios contra a ameaça de descumprimento dos acordos salariais firmados no ano passado e pela retirada de projetos de lei do Congresso Nacional que atacam os direitos dos servidores.

Embora boa parte da imprensa tenha informado que o governo cumprirá esses acordos, o ministro não garantiu nada sobre isso e se limitou a confirmar as palavras de seu chefe, o presidente Lula. Ou seja, o governo assume o compromisso com os servidores, mas para isso é preciso a volta da “normalidade” à economia do país; que a produção, o consumo, o emprego e a arrecadação de impostos reajam de modo convincente.

Os indicadores da economia mundial e local, porém, apontam na direção contrária. Portanto, a tal “normalidade” está longe de acontecer, pelo menos no próximo período. Por isso, não dá para acreditar na palavra deste governo que só atende aos interesses de banqueiros e grandes empresários. Os servidores federais devem buscar a unidade para organizar suas lutas como única forma de exigir do governo o cumprimento desses acordos e impedir novos ataques.

Unificar as ações é uma necessidade
A unidade alcançada nas reuniões do início do ano, envolvendo a Cnesf (Coordenação Nacional das Entidades dos Servidores Federais) e demais organizações do funcionalismo federal, permitiu a construção de uma ampla mobilização nos dias 17 e 18 de março, em Brasília e vários estados. Agora, no dia 30 de março, os federais montaram colunas com faixas e cartazes e participaram ativamente nas manifestações contra as demissões e a política do governo Lula para a crise, convocadas pelas centrais sindicais. Vários setores paralisaram suas atividades neste dia, que marcou também o lançamento da campanha salarial de 2009 nos estados.

A defesa da unidade de todos os segmentos do setor público federal para garantir os direitos dos trabalhadores não é apenas uma tática para o momento, mas uma necessidade para buscar as vitórias no enfrentamento contra o governo e a crise econômica. Nesse sentido, é preocupante que organizações importantes como Fasubra (servidores das universidades federais) e Fenajufe (servidores do Judiciário federal) ainda não tenham atendido ao chamado à construção dessa unidade. Por isso, conclamamos as direções dessas entidades, e também a CUT e a CTB, junto com a Conlutas e a Intersindical, que já atuam unificadamente, para se incorporarem ao processo de organização em curso no funcionalismo federal, para fortalecer a unidade e a ação na luta direta.

Preparar a greve para exigir cumprimento dos acordos
No marco da crise, os ataques contra os servidores vão ser cada vez mais profundos e violentos, como já vem acontecendo na Europa e nos EUA. Da França veio o melhor exemplo de resistência, com a greve geral que teve presença marcante do funcionalismo público.

No Brasil não pode ser diferente! Já se configura um quadro em que a greve geral do funcionalismo federal deve ser uma das medidas a serem discutidas no interior da Cnesf e nas reuniões mais amplas das diversas entidades e no conjunto da categoria. A Condsef (Confederação Nacional dos Servidores Federais), por exemplo, já aprovou o indicativo de paralisação para junho. A próxima plenária nacional dos servidores públicos federais, apontada para meados de abril, também abordará o tema aprovando um calendário de lutas que deverá seguir nesse mesmo sentido.

Na base, a vontade de construir a greve unificada no funcionalismo federal cresce. Na página da Condsef, na internet, por exemplo, mais de 88% apontou que faria greve caso o governo descumprisse os acordos, contra apenas 11%. O resultado não só expressa a disposição de luta dos servidores, mas também toda a sua indignação com o governo Lula.

Os servidores amargaram uma divisão de vários anos em suas lutas. Agora, a experiência com Lula e as direções governistas deixou claro que não dá para acreditar em soluções por setor ou categoria individual. A palavra de ordem do momento é unificar todo o funcionalismo federal para derrotar a política de congelamento do governo Lula, aproximando suas ações às dos demais trabalhadores na luta contra as demissões e em defesa do serviço público.
Post author Paulo Barela, da Direção Nacional do PSTU
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