Viva a resistência do povo iraquiano!A guerra de libertação nacional do Iraque é hoje o principal enfrentamento entre o imperialismo e o movimento de massas em escala mundial. Na ocupação se aposta boa parte dos destinos da atual política do imperialismo norte-americano. Uma derrota de Bush e dos EUA abrirá condições muito mais favoráveis para o avanço das massas do mundo inteiro. Hoje, a permanência e o avanço da resistência, apesar de enfrentar o mais poderoso dispositivo militar lançado contra um país nos últimos anos, é uma demonstração viva para as massas de todo o mundo de que é possível derrotar o imperialismo. Seu resultado o afetará de forma profunda, como fez, em seu tempo, a guerra do Vietnã, chegando a debilitar qualitativamente o imperialismo ou evitar que amplie seus ataques ao movimento de massas e aos povos. Existe a possibilidade de que o imperialismo seja derrotado militarmente no Iraque pela heróica resistência das massas iraquianas. No sucesso dessa possibilidade devemos apostar todas as forças socialistas e do movimento operário mundial.

O inferno da ocupação
A ocupação colonial dos EUA é responsável por uma situação insuportável para o povo iraquiano. A falta de condições básicas de alimentação, saúde e educação; o desemprego de 70%; a inflação de 37% ao ano; a incrível falta de combustível e eletricidade (no país que tem a segunda reserva petrolífera do mundo). Tudo isso está diretamente ligado ao saque e à corrupção provocados pela ocupação (somado ao sofrimento que já vinha do bloqueio desde a guerra do Golfo, em 1991), explica o caráter amplo e massivo do ódio ao imperialismo e a todos os que colaboram com ele. A cada dia, fica mais claro para a população que a única preocupação dos ocupantes e seus cúmplices é roubar o petróleo e controlar as riquezas do país. A legislação imposta pelos ocupantes chega a ponto de fazer com que a população pague o custo de manutenção das tropas de ocupação, como faziam os nazistas durante a Segunda Guerra.

Estima-se em mais de 100 mil civis iraquianos mortos em conseqüência da invasão e da ocupação. Os massacres, como em Falujah e outras cidades, é o método do imperialismo para amedrontar a população civil para que não entre na resistência. Além disso, milhares morrem de fome ou de doenças causadas pelas terríveis condições de vida. A isso devemos somar as prisões massivas de “suspeitos”, as humilhações, as torturas e as execuções sumárias de prisioneiros, como em Abu Graib.

No dia 26 de julho passado, Larry Di Rita, porta-voz do Pentágono, informou que as forças americanas mantêm atualmente sob sua custódia 17 mil presos iraquianos. A cifra não inclui os presos pelas novas forças de segurança iraquianas, que chegaram a 4 mil em abril, além dos 10.500 que já estavam presos desde março.

Uma guerra de libertação nacional
O povo iraquiano está travando uma verdadeira guerra de libertação nacional com apoio de massas que põe contra a parede as tropas invasoras e seus cúmplices iraquianos. Os próprios dados dos serviços de inteligência imperialistas estimam que a resistência militar conta com mais de 80 mil combatentes e milhares que os apóiam logisticamente. As greves operárias, manifestações, atos, protestos de grupos de direitos humanos e a luta armada também são expressões da resistência do povo iraquiano.

Os jovens festejam as ações da resistência, quando alguma patrulha americana é atacada, ou dançam sobre os tanques americanos em chamas. Recentemente, depois de um ataque da resistência, as tropas de ocupação prenderam quatro jovens para obrigar a cidade a entregar aqueles que foram filmados festejando a morte dos soldados americanos.

Essa guerra de libertação questiona diariamente o poder dos invasores e limita ao extremo o controle real que exercem sobre o país. Os invasores respondem com crimes cada vez mais horrendos. Essa é a realidade que a imprensa imperialista e seus aliados tentam esconder. Organizações nada esquerdistas, como a Anistia Internacional (AI), denunciaram a situação dos direitos humanos no Iraque e agora vêm a tona as prisões de centenas de crianças suspeitas de “terrorismo”. Isso é parte da estratégia geral dos EUA na chamada “guerra ao terror”.

No dia 25 de maio, a AI afirmou que “a prisão de Guantánamo se tornou o gulag de nossa época”. A secretária geral da Anistia, Irene Khan, disse: “Quando o país mais poderoso do planeta pisoteia a primazia da lei e dos direitos humanos, autoriza os demais a infringir as regras sem vergonha, convencidos de permanecerem impunes”.

As eleições fraudulentas não mudam nada

Os fatos não puderam ser disfarçados pela armadilha das eleições de janeiro, com o respaldo da ONU, dos imperialismos alemão e francês e também com a cumplicidade da maioria das direções políticas e religiosas curdas e xiitas. Mais da metade dos iraquianos boicotaram as eleições. E muitos dos que votaram o fizeram não em apoio à ocupação, mas acreditando que o voto era uma forma de avançar na recuperação da independência do Iraque, porque foi o que disseram seus dirigentes. Também não faltaram ameaças de retirar o cartão de racionamento (única possibilidade de alimentar-se para muitos iraquianos) de quem não votasse. Rapidamente ficou claro que o novo governo seria tão capacho e prisioneiro dos americanos como o anterior, do ex-agente da CIA Allawi.

Essa eleição fraudulenta, sob a batuta do invasor, com o apoio do imperialismo europeu e da ONU, não conseguiu resolver o impasse da ocupação colonial. Ao contrário do que esperava o imperialismo, a resistência cresceu e o novo governo títere, apesar da participação de partidos xiitas colaboracionistas, como o Conselho Supremo para a Revolução Islâmica (CSRI) ou o Dawa, não consegue uma estabilidade mínima que permita um plano de retirada gradual das forças de ocupação e sua substituição por tropas e policiais iraquianos.

A meta de Bush, uma vez estabelecido esse governo com certa solidez, era retirar o grosso das tropas, mantendo um contingente que controlasse as riquezas fundamentais e fosse o poder real por trás dos fantoches. Hoje, até no campo militar, EUA e aliados estão em uma posição difícil, mostrando o fracasso dessa política. Vários países retiraram as tropas, como a Espanha, ou recuaram, como a Itália. A situação do governo Bush é cada vez mais complicada. O atual contingente não consegue controlar o Iraque. E ele não pode enviar um número muito maior de tropas, 400 ou 500 mil soldados a mais, sem voltar ao sistema de recrutamento militar obrigatório, abolido após a derrota no Vietnã. Voltar a ele seria uma grave crise nos EUA.

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