`FotoA crise causada com a revelação das fotos mostrou com clareza que toda a estrutura repressiva militar da ditadura segue intacta, até mesmo na reivindicação aberta do golpe de 1964, da repressão e da tortura. Isso é o resultado dos governos da democracia burguesa, que se recusaram a desmontar a estrutura militar herdada da ditadura. Isso não tem a ver só com “coragem” para fazê-lo. O problema é outro. É que as Forças Armadas são muito importantes para os “governos democráticos”, para reprimir o movimento de massas, e por isso é melhor se conciliar com os oficiais que vieram da ditadura, deixar seus crimes sem castigo, do que “causar crises militares”.

No dia 24, enquanto participava de uma festança no Clube da Aeronáutica, com os comandantes da três Forças, Lula declarou que “não tem problemas” em manter trancados os arquivos do regime militar. Para defender essa vergonhosa posição, o presidente apega-se a um decreto – assinado por FHC quatro dias antes de deixar a presidência – que proíbe a divulgação de todos documentos identificados como “ultra-secretos” até que eles completem 50 anos.

O governo Lula continua assim, no mesmo caminho dos governos anteriores. A história do período e a verdade sobre a repressão continuam sendo negadas, como também muitas Marias, Clarices, Josés e Joãos continuam chorando devido às suas próprias feridas ou por mortos cujos corpos, muitas vezes, jamais foram entregues.

A única forma para se fazer justiça à memória de gente como Herzog é o desmonte da estrutura repressiva da ditadura, com a publicação de toda a verdade e a punição para todos os envolvidos na tortura e na repressão.

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