Representando o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Mauro Leme, coordenador da secretaria da Grande Belo Horizonte e um dos coordenadores estaduais, compareceu ao II Encontro Estadual da Conlutas em Minas. Compôs a mesa de debate sobre Conjuntura Nacional e Internacional, juntamente com José Maria de Almeida e Juan Carlos Urbieta, do Movimento Terra Trabalho e Liberdade, MTL. Após o debate, Leme conversou com o Opinião Socialista

Opinão Socialista: Como vocês estão vendo as perspectivas dos movimentos sociais para o próximo ano?

Mauro Leme: É um ano atípico, um ano em que a pseudodemocracia vai estar na berlinda, mas eu acho que não deveríamos nos ater a isso. Acho que os movimentos sociais têm a responsabilidade de se organizarem enquanto instrumento de libertação de classe para derrotar os algozes da classe trabalhadora, os que historicamente vêm vilipendiando nossa nação, que vêm explorando e saqueando nosso país.

Fale um pouco das políticas de reorganização que vocês estão trabalhando.

Mauro: Na verdade, estamos reavaliando o caminho, o método que nós escolhemos. Podemos considerar que o MST está passando por um parto. Isso tem doído demais internamente. Não é fácil. Nós temos que romper as tradições históricas de lutas nas quais nos calcamos e livrarmos de métodos equivocados que tivemos porque a responsabilidade é muito grande e está colocado sobre os movimentos sociais, sobre o Movimento Sem-Terra, o destino de um povo e com isso ninguém brinca. Nós temos que ter muita maturidade, coerência, disciplina e introjetar desde a base até as instâncias da organização valores que não são esses colocados pelo neoliberalismo.

Há possibilidades do MST se integrar nesse processo de construção da Conlutas? Como você avalia o debate que norteou esse processo de reorganização?

Mauro: Eu vejo com muita alegria. Primeiro, porque é um encontro feito com muita seriedade. Já faz algum tempo que a gente tem se articulado nesse campo das lutas.

Eu não sei como o MST vai se posicionar com relação à Conlutas porque eu sou um dirigente de base e nós temos uma instância que vai ser conformada com 39 dirigentes. Mas estão dadas todas as condições para que a gente se alinhe, mas vamos ver como isso vai acontecer. Acho que uma das coisas que vai acontecer é que o MST e os demais movimentos sociais vão pautar a discussão. Os companheiros da Conlutas também têm a compreensão de que, apesar de ter uma situação latente, nós temos que ter muita calma e não ter muita pressa de construir as coisas. Acho que a construção da Conlutas tem tudo para dar certo e nós esperamos, o povo brasileiro espera, porque talvez seja o único instrumento que vai nos restar para dar respostas à altura de 500 anos de desmando e exclusão social nesse país.

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