`Miniparada` reuniu milhares de pessoas com discurso politizado contra a homofobia
Marta Chapper

Foi às 15h do dia 1º de julho de 2007, um domingo de sol no Parque da Redenção, em Porto Alegre (RS), local onde, tradicionalmente, acontecem as paradas GLBT da cidade. As pessoas começaram a se aglomerar em torno de um antigo caminhão de som com a bandeira do movimento Desobedeça/GLBT e da Conlutas. Era o ponto de encontro para a “Miniparada Livre”.

Aos poucos, o povo foi chegando e já éramos milhares. Tivemos de ficar esperando por um bom tempo para começar a caminhar, pois o local não foi liberado pela prefeitura de José Fogaça (PPS). Quando já estava perto das 17h, foi ligado o som e anunciadas as falas de Vera Guasso, representando o PSTU, e da deputada federal Luciana Genro, representando o PSOL. Começava, então, um novo momento do movimento GLBT gaúcho.

Depois de muitos anos, participamos de uma parada livre politizada. Vera, em seu discurso, lembrou que o PSTU luta contra a exploração, mas também contra a opressão, pois a burguesia se utiliza dessa última para continuar dominando.

A “Miniparada” foi idéia do grupo Desobedeça/GLBT, que, recentemente, decidiu filiar-se à Conlutas. Contrariando as paradas que esqueceram o caráter de protesto do dia 28 de junho, Dia Internacional do Orgulho GLBT, a “Miniparada” foi uma atividade politizada e vitoriosa que ocupou o vazio deixado pelas paradas festivas que acontecerão somente em setembro e novembro próximos.

A “Miniparada” mostrou que é possível fazer um dia de protesto e também de comemoração e diversão sem gastar muito dinheiro. Os pequenos custos que existiram foram financiados pelos sindicatos e demais movimentos que apóiam a luta contra a homofobia. Não foi necessário o dinheiro dos governos e de empresas.

Além de milhares da comunidade GLBT, estavam presentes ativistas de sindicatos e do movimento estudantil, militantes do PSTU, do PSOL e da Conlutas. O PSTU distribuiu um manifesto defendendo a necessidade de colocar a luta contra a homofobia como parte da luta geral contra o capitalismo e em unidade com os demais setores explorados e oprimidos.

Uma caminhada seguiu até o Shopping Olaria, no bairro Cidade Baixa, onde a comunidade GLBT se encontra e é intimidada e proibida de ficar no local caso não tenha dinheiro para consumir nos bares e lojas do recinto. No Olaria, o Desobedeça homenageou três personalidades que desobedecem à lei e à ordem homofóbicas. Uma das homenageadas foi a companheira Vera Guasso pela defesa do movimento GLBT que a companheira fez durante as eleições de 2006, como candidata ao senado pela Frente de Esquerda.