Empresa não descarta demissões e disse que já está adotando medidas para minimizar o impactoEm reunião com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região no dia 9 de dezembro, a direção da Embraer informou que está tomando medidas de redução de custos para minimizar os efeitos da crise.

Uma dessas medidas é o cancelamento de serviços que hoje são feitos por terceirizadas e que voltarão a ser feitos na empresa. A Embraer também já anunciou o cancelamento do programa de estágios em 2009 e a não-renovação dos contratos de estágio vigentes. Na ocasião, a empresa não descartou a possibilidade de demissões, apesar da insistência do sindicato para que houvesse garantias da estabilidade de emprego para todos os trabalhadores.

Nesta quinta-feira, 11, notícias veiculadas pela imprensa informam que a Embraer pretende demitir 4 mil funcionários após o retorno do recesso de fim de ano. Estas demissões teriam sido decididas pela diretoria da empresa ainda em novembro.

O sindicato reivindica que a empresa negocie a pauta já enviada pelo Sindicato, que pede estabilidade de emprego e redução da jornada de trabalho, sem redução de salários e direitos. “A Embraer tem todas as condições de garantir estabilidade e reduzir a jornada. A empresa lucrou muito no último período e é a única empresa do setor em todo o mundo com uma jornada de 43,5 horas”, disse Adilson dos Santos, o Índio, presidente do sindicato.

A Embraer não comentou o assunto e também não desmentiu a informação. O sindicato, em nota, exige que “o governo Lula, que tem liberado bilhões de reais para socorrer banqueiros e empresas, que tome agora uma medida de emergência para garantir o emprego de milhares de trabalhadores ameaçados de demissão”.

O sindicato lançou a campanha “Nenhuma demissão. Estabilidade no emprego já” que terá, além de assembléias, manifestações e atos de protesto, outdoors espalhados pela cidade. O primeiro deles foi instalado na avenida dos Astronautas, próximo à Embraer. Abaixo, publicamos a íntegra da nota do sindicato contra as demissões na Embraer.

A RESPEITO DAS NOTÍCIAS DA IMPRENSA SOBRE DEMISSÕES DE 4 MIL TRABALHADORES DA EMBRAER

Segundo informações veiculadas pela imprensa nesta quinta-feira, dia 11, a Embraer prepara-se para demitir 4 mil funcionários, após o retorno da folga referente às festas de fim de ano. Estas demissões teriam sido decididas pela diretoria da empresa no mês de novembro.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, filiado à Conlutas, tem denunciado a onda de demissões que vem atingindo o setor metalúrgico sob a alegação da crise econômica mundial e reivindicado medidas que protejam os empregos dos trabalhadores, como estabilidade e redução da jornada de trabalho sem redução de salários e direitos.

Esta informação é grave e os trabalhadores devem receber com indignação esta notícia, que chega pouco antes das festas de fim de ano.

Até agora, a Embraer não comentou o assunto, nem desmentiu as informações. Por isso, o Sindicato exige que a empresa se pronuncie ainda hoje sobre as informações veiculadas pela imprensa. Para isso, vai enviar uma carta à Embraer, pedindo explicações.

Empresa não tem porque demitir
Para o Sindicato, não há motivos para a Embraer fazer demissões. Afinal, a empresa tem uma carteira de pedidos firmes de US$ 21,6 bilhões para os próximos anos e uma produção estimada de 270 aeronaves, para 2009.

Além disso, a fabricante de aviões lucrou muito nos últimos anos, mais de R$ 2 bilhões desde 2005 e, recentemente, anunciou grandes investimentos. Inclusive com a construção de fábricas em Portugal e nos EUA. Esses fatos nos dão a certeza de que a Embraer não tem motivos para demitir.

A empresa é também a que possui a maior jornada de trabalho (43,5 horas semanais) do setor aeronáutico em todo o mundo.

“Acreditamos que a saída é a redução da jornada de trabalho, sem redução de salários e direitos”, disse o secretário-geral do Sindicato, Luiz Carlos Prates, o Mancha.

Durante uma reunião entre o Sindicato e a direção da Embraer, na última terça-feira (dia 9), a empresa informou que está tomando algumas medidas de redução de custos, para minimizar os efeitos da crise. Uma dessas medidas é o cancelamento de serviços que hoje são feitos por terceirizadas, e que voltarão a ser feitos na empresa. A Embraer também já anunciou o cancelamento do programa de estágios em 2009 e a não renovação dos contratos de estágio vigentes.

Na ocasião, a Embraer não atendeu ao pedido do Sindicato de conceder garantias de estabilidade de emprego para todos os trabalhadores.

“Tal postura nos fez acreditar que existiam fortes indícios da possibilidade de demissões na empresa, que agora estão se confirmando”, afirmou o presidente do Sindicato, Adilson dos Santos, o Índio, que participou da reunião.

Graves conseqüências
Caso sejam consumadas as 4 mil demissões na Embraer, as conseqüências disso seriam catastróficas para toda a região do Vale do Paraíba. Afinal, o efeito cascata seria grande, com duros reflexos nas fornecedoras da empresa, que também empregam milhares de trabalhadores. Além disso, os prejuízos para a economia do município também seriam grandes.

Por isso, o Sindicato dos Metalúrgicos defende que seja realizada uma grande mobilização popular contra as demissões e pela estabilidade de emprego.

Exigimos também do governo Lula, que tem liberado bilhões de reais para socorrer banqueiros e empresas, que tome agora uma medida de emergência para garantir o emprego de milhares de trabalhadores ameaçados de demissão. Isso pode ser feito por meio de uma lei que garanta a estabilidade de emprego.

Também queremos que os demais poderes (governo do Estado, Prefeitura e Câmara Municipal) adotem medidas de proteção do emprego e intervenham a favor dos trabalhadores ameaçados.

Por fim, a Embraer foi privatizada em 1994, ao preço irrisório de R$ 154,1 milhões, pagos em moeda podre. Depois disso, recebeu maciços investimentos e financiamentos de dinheiro público, através do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) que já garantiu, nos últimos anos, bilhões aos seus acionistas. Por isso, se a empresa insistir em demissões, defendemos a reestatização da Embraer, sob o controle dos trabalhadores.

Campanha vai ganhar as ruas
A defesa do emprego é o tema da campanha que o Sindicato lançou desde o mês de novembro. O lema é “Nenhuma demissão. Estabilidade no emprego já”.

Além de assembléias nas fábricas, nas quais os trabalhadores estão reafirmando a disposição de luta pela estabilidade no emprego e aprovando estado de mobilização permanente, serão colocados outdoors em pontos estratégicos das cidades de São José dos Campos e Jacareí.

O primeiro já está instalado, na avenida dos Astronautas, próximo à Embraer (em frente à portaria do CTA).

O objetivo da ação é ampliar a campanha para outras categorias e para a população em geral, além dos metalúrgicos. Afinal, todos os trabalhadores serão afetados caso iniciem as demissões ou haja ataques dos patrões para reduzir direitos.

Também já foi enviada uma carta ao presidente Lula, solicitando que seja editada uma medida provisória garantindo a estabilidade de emprego. Um pedido de reunião no Ministério do Trabalho, para tratar do assunto, também já foi protocolado.

“Nossa campanha será intensificada nos próximos dias. Queremos deixar bem claro aos patrões a nossa posição. Os trabalhadores não podem e não vão pagar pela crise. As palavras de ordem: demitiu, parou!”, disse o presidente do Sindicato.