No último dia 18 de setembro, na capital do país, uma concentração de pessoas chamou a atenção. Marcado pra iniciar às 14h, no eixão, que é a principal avenida da cidade, o movimento teve de desafiar o sol forte e os cem dias sem chuva que se “comemoravam” naquele dia. A 14º Parada LGBT da cidade pintou de todas as cores o centro de Brasília. Foram vários carros de som que colocavam os presentes para sair do chão sob os estímulos das principais cantoras do mundo pop hoje. Muita animação, sorrisos e expressão livre de afeto.
Nessa parada a comunidade LGBT presenciou um pôr do sol diferente. Nos despedimos daquele domingo com o grito de liberdade e a expectativa de que um dia o afeto seja apenas um afeto, sem ser aprisionado, negado e alvo de ódio e violência. Com esse pôr do sol, 30 mil lésbicas, gays, travestis, transexuais, transgêneros e héteros. Solteiros, casados, pais e mães, filhos e filhas construíram uma grande parada, em número de pessoas e pelo tamanho da tarefa: lutar contra a homofobia da sociedade.
Ôôô Dilma, eu quero ver PLC original acontecer!
Nada melhor que 30 mil pessoas dizendo que tem orgulho de serem LGBT’s para responder aos últimos escândalos que dividiram a sociedade. Nos últimos meses foram vários os casos de violência sofrida por LGBTs’. Esses casos deixam graves ferimentos, na carne e na alma. Muitos desses casos levam à morte. O Brasil está no topo de um vergonhoso ranking: o país com maior assassinato de LGBT onde a cada 36 horas um assassinato. É natural que diante desse cenário o movimento faça exigências ao governo federal. A criminalização da homofobia foi a principal bandeira dessa parada.
No último semestre foi claro a postura do governo. A política da “Escola sem Homofobia” foi, explicitamente, trocada ela cabeça do Palocci, então ministro de estado, que estava sob sérios indícios de corrupção. Agora uma bandeira histórica da comunidade LGBT que é a PLC 122 está sendo desmontada por uma negociação entre a senadora Marta Suplicy e a bancada evangélica do congresso.
Uma grande festa que pode ser muito maior!
Mais uma vez a parada foi uma grande festa. Diante dos inúmeros casos, cotidianos, de homofobia e da política do governo, é fundamental que o movimento se organize e politize suas mobilizações. 30 mil pessoas em uma grande festa tem um grande impacto, mas 30 mil pessoas em uma grande manifestação tem um impacto superior. E tudo isso tem um financiamento, em geral, das empresas do “mercado Pink”. É fundamental também pensar sobre os meios de financiamento do movimento que garanta a independência política do movimento.